Foi a última vez que uma equipa checoslovaca visitou Guimarães e o estádio do Rei. Estávamos na temporada de 1987/88 e ainda se vivia a grande febre europeia desencadeada pela epopeia levada a cabo na temporada anterior, em que o Vitória de Marinho Peres alcançara os quartos de final da Taça UEFA.
Por essa razão, depois do Vitória ter eliminado com alguma dificuldade os húngaros do Tatabanya e os belgas do Beveren - estes no desempate pelos pontapés de grande penalidade - seguiam-se os checoslovacos do TJ Viktovice, que se haviam classificado na segunda posição no campeonato do seu país no ano anterior... vencido pelo Sparta de Praga que tinha sido eliminado pelo Vitória!
O clube, como o jornal do Vitória escrevia, era um retrato de como funcionava a Checoslováquia no tempo da "cortina de ferro" e antes da queda do muro de Berlim. Assim, o clube de Ostrava, cidade que trazia gratas recordações ao Vitória por ter sido o Banik dessa cidade o primeiro emblema que os Conquistadores enfrentaram nas suas andanças europeias, era sustentado pela "firma Viktovice Steel (daí o nome)... e é a dona do estádio TJ NHKG com capacidade para 23 mil lugares. A Viktovice Steel é uma empresa que explora o aço, principalmente, e apoia economicamente o TJ Viktovice."
O clube que pertencia "à parte industrial e operária da cidade, também conhecida como o coração do aço da república", visitou Guimarães a 25 de Novembro de 1987. Com os Conquistadores a alinharem com Jesus; Costeado, Miguel, Bené, Carvalho; Nascimento, N'Dinga, Adão; Caio Júnior, N'Kama e Ademir, o Vitória fez um grande jogo, ainda que, apenas, materializado pelos golos na segunda metade Kipulu e de Caio Júnior. Por isso, o jornal do clube considerava que "pela primeira vez, o Vitória vencia por mais de um golo o seu adversário na Taça UEFA desta temporada. 2-0 era, contudo, um resultado que soava a falso a julgar pelas oportunidades criadas no decorrer da partida e que não foram concretizadas."
Com efeito, "a goleada vislumbrou-se não fora a má sorte dos nossos atletas. Adão primeiro permitiu a intervenção da defesa contrária depois de Zapalka ter sido batido. E a cinco minutos do final, Ademir depois de se isolar permite que o guardião checo lhe tire a bola. Era o 3-0, a hipótese mais do que provável de o Vitória vencer definitivamente o adversário.
Tal não haveria de suceder e na neve checa, os Conquistadores teriam atitude estoica, mas que não seria recompensada. Depois de sofrerem um golo na primeira parte, ainda empatariam o jogo, numa altura em que o golo apontado fora "valia a dobrar." Porém, "o árbitro grego anularia o golo a Adão não sabemos com base em que falta. Jogou Adão a bola com o pé em riste?" A completar o ramalhete de infelicidade, a três minutos do final da partida, quando o sonho do apuramento parecia real, Grussman empataria a eliminatória, levando-a para o prolongamento. Apenas seria decidida nas grandes penalidades, na famigerada escorregadela de Bené que não conseguiu apontar o seu castigo máximo. O Vitória caía, com tudo contra ele...