Estávamos no final da temporada de 2005/06...
O Vitória caíra de modo doloroso e surpreendente na Liga de Honra, outrora denominada de Liga Vitalis. Tal causou um verdadeiro êxodo na equipa vitoriana que viu partir nomes como Cléber, Svard, Benachour, Saganowski, Antchouet e muitos outros, que obrigaram a que partisse do zero no ano seguinte.
Porém, houve um nome que resistiu a abandonar o barco, quase como que a dizer, como um dia disse Del Piero quando a Juventus foi despromovida "que um cavalheiro jamais abandona a sua dama."
Com efeito, a Académica, que por esses anos, actuava na Primeira Liga sondou Flávio Meireles para se comprometer com o clube. Como forte fonte de sedução estava o seu técnico da altura, o vimaranense Manuel Machado, que houvera apostado no jogador nos escalões jovens vitorianos bem como o orientado no Fafe, no Moreirense e, inclusivamente, na temporada de 2004/05 no Vitória, onde em conjunto ajudaram os Conquistadores a regressarem à Europa, seis anos após a última aventura.
Porém, ao contrário da maioria dos seus colegas, o capitão vitoriano rejeitou abandonar o emblema do Rei. Bateu à porta da direcção e propôs um acordo que seria favorável a ambas as partas. Iria continuar no clube onde chegara menino proveniente de Ribeira de Pena e se fizera homem, aceitando por isso que este lhe pagasse consoante a disponibilidade naquele ano de travessia de deserto. A diferença de valores seria acertada quando o clube conseguisse regressar à Primeira Liga.
Tal haveria de suceder no ano seguinte, tornando-se Flávio numa das peças mais preponderantes desse regresso e fazendo, provavelmente, a melhor época da sua carreira nesse ano de retorno, onde foi essencial na conquista de um extraordinário terceiro posto.
Um cavalheiro estará sempre presente nos bons e nos maus momentos...