Era o terceiro ano que o Vitória actuava na segunda divisão nacional depois da queda nesse escalão em 1954/55. Depois de duas tentativas em que os Conquistadores morreram na praia no que a subida dizia respeito, temeu-se que tal voltasse a suceder naquele exercício, já que depois de uma primeira fase tranquila e que fez com que a equipa de Fernando Vaz se apurasse para a poule de promoção, a segunda faria desencadear as sirenes de alarme com uma derrota caseira perante o Sporting da Covilhã na Amorosa e depois no Bessa, terreno do Boavista.
Refira-se que dessa partida resultou, como escreveu o Notícias de Guimarães de 11 de Maio de 1958, "... a grande massa adepta do Vitória... Patenteou-o bem no Bessa, quer pelo número de presenças, quer mais ainda, pelo entusiasmo com que apoiou a equipa." Assim, "...deu bom exemplo de amizade pelo Vitória. Foi numerosa e entusiástica. (...) Confiou nos nossos jogadores e foi ao Campo do Boavista dar-lhe o apoio que os vimaranenses precisavam." Aliás, tal seria confirmado por Hélder Rocha, que entrevistado no jornal A Bola do dia 08 desse mês e ano, confirmaria que "os adeptos do Vitória ouviram-se no Bessa mais do que os adeptos do Boavista. E foi a actuação da nossa equipa que calou os entusiastas do adversário."
Porém, essa atitude sempre característica dos vitorianos não seria suficiente para levar de vencido o adversário, que acabaria por triunfar por cinco bolas a duas, muito por culpa do juiz da partida, Hermínio Soares, que era descrito como sendo "habitualmente um árbitro ponderado e justo" mas que desvirtuou completamente o resultado da partida, como Hélder Rocha reconheceu ao dizer que "... não há dúvida que a grande penalidade com que o Boavista foi beneficiado, inexistente segundo a opinião generalizada da imprensa, contribuiu para a a derrocada com aquela sucessão de golos do antagonista." Além disso, segundo o Notícias de Guimarães, "...perdoou duas grandes penalidades aos nossos adversários...", desestabilizando a equipa que acabou por sofrer três golos em três minutos, para selar uma pesada, mas mentirosa derrota. "De tal maneira isto se deu, que o silêncio da assistência da casa predominou no Bessa, ouvindo-se somente o grito da vimaranense, marcando com um ferrete o procedimento incompreensível do árbitro."
Não obstante a derrota, Hélder Rocha seria deliciosamente premonitório, ao concluir que "conto em absoluto que, daqui até aos jogos de passagem, não teremos qualquer outro inédito e, depois, que a equipa regresse à forma anterior, digna das suas credenciais, das credenciais que exibiu nesta temporada." Teria razão, com o Vitória a bater a Olhanense por três bolas a zero e a empatar com o Atlético, para marcar encontro na eliminatória decisiva com o Salgueiros, proveniente do lugar de liguilha da Primeira Divisão. Mas isso, já será outra história...