O Vitória vivia há três anos no inferno da Segunda Divisão. Um alçapão difícil de transpor com os Conquistadores, por uma razão ou por outra, incapazes de voltarem ao lugar que tinham ocupado entre 1942 e 1955 e que tudo faziam para reocupar.
Naquela época de 197/58, já na fase de promoção, esse desejo parecia novamente estar a preparar-se para "morrer na praia." Com efeito, depois de um desempenho convincente, as derrotas consecutivas frente ao SC Covilhã na Amorosa e no Bessa frente ao Boavista, graças a uma polémica arbitragem, parecia indiciar que, mais uma vez, o objectivo ira esvair-se entre os dedos dos vitorianos.
Para que tal não sucedesse, importava vencer aquele jogo frente à Olhanense, tantas vezes a cruzar-se nos momentos importantes da história vitoriana, bastando dizer que foi contra os algarvios que o Vitória disputou o seu jogo inaugural no principal escalão do futebol luso.
Porém, naquela tarde de 10 de Maio de 1958, o objectivo era diferente e passava por vencer para acalentar as esperanças de poder jogar o play-off de promoção contra o penúltimo classificado da I Divisão que fora o Salgueiros.
Por isso, e até pelos dois desaires anteriores, a equipa composta por Sebastião; Virgílio, Abel; Barros, Silveira, João da Costa; Bártolo, Romeu, Miranda, Cívico e Rola viveu a partida, como escreveu o Jornal Notícias de Guimarães de 18 de Maio de 1958, viveu a partida "...debaixo de um complexo de nervosismo que não permitiu uma boa urdidura nos seus lances." Na verdade, fruto dos resultados conhecidos, sendo já era impossível a subida directa perdida para o SC Covilhã, importava vencer um concorrente directo de modo a que os presentes no recinto pudessem suspirar e acalentarem, ainda, a esperança da promoção através do play-off. Deste modo, os golos de Romeu, João da Costa e de Cívico mantiveram intactas as esperanças da equipa ascender ao principal escalão, tornando o jogo da derradeira jornada frente ao Atlético num verdadeiro pro-forma.
Por isso, escrevia-se que "felizmente, quando do resultado do jogo da Covilhã, nem todos perderam a cabeça. Fernando Vaz, os seus jogadores e alguns dirigentes, sentiram que ainda nem tudo estava perdido. Tiveram a perseverança necessária e acalentados por aqueles admiráveis simpatizantes que estiveram no Bessa, souberam construir o momento que agora se vai viver..."
Dizia-se, deste modo, que "o Vitória precisa de carinho, de fé e de incitamento total daqueles que lhe são dedicados"... e, acima de tudo, ia poder preparar os decisivos jogos contra o Salgueiros com toda a tranquilidade!