Mágico...Irreverente... Polémico, até na forma como abandonou o Vitória.
Zahovic esteve três temporadas no Vitória, o suficiente para ser recordado. Pelo modo quase inesperado como chegou, pelo modo como se foi afirmando...e como partiu!
Na verdade, causou surpresa a notícia da sua chegada. Ainda, quase a podemos citar de cor : Vitória SC contrata jovem promessa eslovena do Partizan Belgrado, onde já era titular.
Dotado de um pé esquerdo de eleição, estrear-se-ia pela mão de Bernardino Pedroto, em Braga, na segunda jornada da temporada 1993/94, num cinzento empate a zero. Seria o primeiro de 86 desafios de Rei ao peito, em que nas duas primeiras épocas foi alternando a excelência com a indolência, a magia com o apagamento... num claro sinal que os génios são de humores e capazes de 8 e 88!
Chegamos a 1995/96, a sua última épooca em Guimarães. Com Vítor Oliveira ao leme, não se entenderia. Ainda que fosse aposta em alguns jogos, como aquele em Barcelona em que perdeu sublime oportunidade de abrir o activo e simultaneamente fazer a Europa a boca de espanto, perdeu influência. Aliás, antes da partida do futuro "herói das subidas" terá feito parte de uma suposta lista, apresentada pelo treinador, em que constavam uma série de jogadores a afastar, que, também, incluía Vítor Paneira, Capucho, Dane e Vorkapic... dizendo ele, preferir treinar e colocar os juniores em campo.
Como sempre, seria o treinador a soçobrar. Seria substituído por Jaime Pacheco, para levar a cabo aquela segunda volta memorável, em que a equipa vitoriana triunfou em Alvalade de virada, nas Antas com o esloveno a apontar o golo, um golaço, decisivo, tornando-se campeã da segunda volta. Fosse na Argentina e tal valeria um título... Durante este período, Zahovic foi mágico, imprevisível, goleador, demonstrando o que poderia vir a ser: um dos melhores e mais fantasistas médios ofensivos do futebol europeu.
Até que chegamos ao final da temporada.
O Vitória, interessado na renovação do jogador, resolveu enviar-lhe uma carta a manifestar esse desejo, enviando depois essa comunicação para a Liga. Fruto disso, deveria acertar o salário ao jogador.
A carta seria efectivamente enviada, como Zahovic recebeu, mas alegava que a mesma não se encontrava nos serviços da Liga de Clubes, o que o tornava num jogador livre de qualquer vínculo.
O Vitória abriria guerra à Liga de Clubes e ao seu director-geral, José Guilherme Aguiar, acusando-o de ser um homem próximo do FC Porto, por dizer que inexistia qualquer comunicação do clube do Rei.
Por essa razão, e instruído pelo FC Porto para tal, Zahovic não mais apareceru no Vitória, gerando uma verdadeira onde de revolta em todos os vitorianos.
O Vitória reclamou uma indemnização dos portistas de 173 mil contos, negada pela Comissão Arbitral Paritária.
Como desenlace desta história, o Vitória, passado um ano, despediu com justa causa dois funcionários, Fernando Vasconcelos, secretário técnico do clube, e Luís Carvalho, por erros cometidos e que impossibilitaram a renovação contratual do jogador. Enquanto este último foi readmitido em 1999, tendo o Vitória pago-lhe três mil contos referentes à reposição de salários e retroactivos, o primeiro recorreu ao Tribunal de Trabalho para ser declarada a ilicitude do seu despedimento. Depois de ter peticionado dez mil contos de indemnização, selaria uma transacção com o clube num valor na ordem dos 7250 contos.
Zahovic, esse, fez carreira no futebol europeu, mantendo o vínculo à cidade, graças ao seu filho Luka, registado em Guimarães, e, também, ele jogador de futebol...