As Sextas-feiras dos últimos anos da década de 90 do século passado eram, tendencialmente, escaldantes.
Na SIC, por volta da meia-noite, depois da programação erótica, começava a polémica sobre a forma de, por vezes, pornografia... desportiva!
Falamos de um dos primeiros programas de painel desportivo da altura, os Donos da Bola, prendiam as atenções pelas acesas discussões lá vertidas, principalmente entre Alfredo Farinha e Pôncio Monteiro, mas, também, pelas reportagens de investigação apresentadas.
No final de 1996, o país desportivo andava em ebulição. Com as empresas, mas também os clubes atolados em dívidas fiscais ao estado, que eram praticamente incobráveis, o governo liderado por António Guterres procurou arranjar uma solução. Assim, as entidades devedoras podiam renegociar o pagamento da dívida ao estado em suaves prestações, sendo que os clubes, ainda, podiam beneficiar as prerrogativas dadas pelo denominado Totonegócio. Graças a este, as receitas dos clubes geradas pelo Totobola nos 12 anos seguintes serviriam para liquidar as dívidas.
Com o país profundamente dividido acerca da aprovação ou não desta forma de dação em cumprimento, chegamos a uma dessas inesquecíveis Sextas-feiras nocturnas.
O programa começou com o moderador David Borges a anunciar um intenso debate sobre as dívidas fiscais do clube e... prometendo, no final do programa, anunciar o único clube da Primeira Divisão que, naquele momento, tinha as contas em dias com as entidades fiscais. Assim, após uma noite escaldantes, de troca acirrada de argumentos, haveria de chegar o momento esperado.
Perante o país, o moderador do programa anunciaria que, ao contrário dos demais emblemas do país, o Vitória, naquele momento, nada devia às entidades estatais. Um momento memorável...