COMO O DINHEIRO DA UNIDADE VIMARANENSE DESENCADEOU MAIS UM COMBATE ENTRE DOIS GIGANTES

A Unidade Vimaranense houvera tido um papel relevante no desenvolvimento da cidade e, inclusivamente, do Vitória. Tratou-se de uma relevante instituição que começou na década de 70, graças a uma manifestação dos cidadãos de Guimarães para, como se encontra no livro de Esser Jorge, "Nascimento da Unidade Vimaranense”, para "reivindicarem o seu direito a não serem esquecidos, a terem, da parte de quem governava, um reconhecimento mínimo do esforço coletivo que a comunidade dedicava ao seu país”.

Tal levou à formação, cinco meses mais tarde da Unidade Vimaranense, que tinha como principal objectivo "dar corpo a valência e estruturas de utilidade pública e para as quais a autarquia não estivesse particularmente vocacionada ou não tivesse possibilidades. Foi criada para construir estruturas de interesse público, mobilizando investimentos dos empresários locais para iniciativas ao serviço da comunidade vimaranense." Compraria grande área do terreno, onde, apenas, iriam ser construídas as Piscinas. Por essa estagnação, a vida da Associação iria quase desaparecer, levando-a à dissolução.

Assim, chegados a 1974, "a Sociedade, esvaziada com a constituição de partidos após o 25 de Abril de 1974, não teve capacidade de construção e o Vitória Sport Clube, através da sua Comissão de Fundos para um Vitória Maior", fez propostas no sentido da aquisição daquele valioso património territorial onde, na ideia de então, deveria também nascer um novo estádio. O contrato de compra e venda foi celebrado ainda com Gil Mesquita na presidência do clube vimaranense, mas a verdadeira aquisição dos terrenos viria a intensificar-se e a efectivar-se com a chegada à presidência do clube vimaranense de Pimenta Machado."

Haveriam de passar 15 anos. Com Belmiro Jordão, Albino Pinto da Silva Herculano José Fernandes e Abel Pinheiro Ribeiro da Silva na liderança da Sociedade de Empreendimentos, efectuou-se uma doação onerosa ao Vitória pela quantia de 17.993.360$00 "para pagamento de variados encargos, nomeadamente benfeitorias efectuadas nos terrenos todos situados na freguesia da Costa. O Vitória por seu lado aceita o negócio e delibera em reunião que será Pimenta Machado a outorgar a escritura."

Seria por causa desta decisão que muitos anos depois, mais precisamente em 1997, que Fernando Alberto Ribeiro da Silva, na altura figura proeminente da cidade, e Pimenta Machado travariam mais uma batalha: tudo por causa da quantia paga pelos terrenos do complexo desportivo.

Este diferendo começaria nos órgãos de comunicação social. Apesar das contas da sociedade terem sido sempre aprovadas em Assembleia-Geral, nunca tendo sido levantados problemas, a querela iniciou-se com uma entrevista de Pimenta Machado ao já referido Povo de Guimarães. de 21 de Março de 1997, "onde afirma que o Vitória pagou cerca de 40 mil contos à Unidade pelos terrenos onde agora se situa o complexo desportivo." Por sua vez, Fernando Alberto Ribeiro da Silva, em declarações à revista Visão, três dias depois, mostrou-se "magoado com atitude de Pimenta Machado que, afirma nunca até hoje reconheceu publicamente a dívida perante a Unidade - Sociedade de Empreendimentos SA, uma associação cívica que cedeu ao Vitória por 18 mil contos um património avaliado em cerca de um milhão de contos."

Assim, enquanto um falava em 18 mil contos, outro alegava terem sido 40 mil. Tal despoletaria um aceso conflito com Ribeiro da Silva a remeter para a escritura realizada e que referia 17.500 contos. Para Belmiro Jordão, a resposta não era tão pacífica pois alegava que Pimenta tinha-lhe desmentido ter proferido tais afirmações.

Ao imbróglio chegaria Agostinho Filipe Sousa, revisor de contas, que garantiu que "tudo está correcto e não há aqui mais nada a não ser alguns senhores que parece que têm sede de protagonismo. Porém, não mostraria quaisquer documentos, remetendo essa tarefa para momento posterior...

Seria Pimenta Machado a resolver o conflito ao mostrar na semana seguinte documentos que comprovavam que o Vitória houvera pago 36000 contos pelos terrenos, algo que seria confirmado pelo presidente da Unidade Vimaranense, Albino Pinto da Silva, ainda que Joaquim Cosme levasse o negócio à Procuradoria-Geral da República pela divergência de números apresentados. Mas estes factos serão merecedores da próxima história...

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