UMA ESCALDANTE ASSEMBLEIA GERAL, EM QUE O AUMENTO DAS QUOTAS GEROU ACESA DISCUSSÃO E EM QUE OS SÓCIOS ANÓNIMOS CONSEGUIRAM LIDERAR A DISCUSSÃO!

Estávamos em Julho de 1985. A época desportiva fora uma desilusão e os ânimos estavam acesos.

Por isso, como escreveu o Povo de Guimarães de 10 de Julho de 1985, as críticas eram mais do que muitas, como "o Sr. Presidente fez-nos cá vir todos à última assembleia e, sem qualquer explicação, não apareceu", "gastaram-se milhares de contos em experiências" ou "o segredo da manga que o Sr. Presidente disse ter na última Assembleia em relação a novos jogadores, nunca saiu da manga."

A receber tiros por todo o lado, Pimenta diria que "não vim à última Assembleia, porque fui ao Brasil. Tenho sido muito atacado pela Imprensa, mormente pela Bola que é um jornal comercial. Só eu sei os processos não lícitos que já utilizei para segurar alguns jornalistas de A Bola. Vou anunciar as aquisições: Vítor Pontes e Castro do U.Leiria, o Cerqueira do Porto, o Carlinhos, um brasileiro que já procuramos trazer quando veio o Nivaldo, o Cléver, outro brasileiro, indicados pelo Edmur, que assumiu toda a responsabilidade, o Adão do Varzim, o Paulo Jorge do Barreirense, que o Sporting queria mas que eu consegui convencer o João Rocha a deixá-lo vir, o Costa, o Bobó, o Nascimento, o Horácio um produto das nossas escolas que regressa e mais, ainda um ponta de lança brasileiro." Mais do que isso, "o ano passado, as eleições foram muito prejudiciais. Quando fomos eleitos, já não havia jogadores no mercado. Tínhamos um acordo com o Que, mas ele foi para o Porto."

Depois de todas as críticas, entrou-se, posteriormente, na Assembleia Extraordinária tendente a discutir o aumento das quotas na ordem dos 60% e 70%. Assim, o presidente "afirmou que as receitas associativas atingiram, apenas, 33000 contos para 90000 contos de despesas." Mediante a indignação geral dos associados, "inscreveram-se vários associados que criticaram a proposta e propuseram várias alternativas. Uma do Associado Manuel Freitas propunha valores ainda mais elevados 100$00 em casa escalão, mas a abolição dos dias do Clube. O associado Joaquim Cosme propôs um aumento de 50% em cada escalão. Outro sócio, um de 40%."

Posto isto, foram ordenadas três hipóteses: "Proposta A (a da Direcção); Proposta B (mais elevada, sem Dias do Clube); Proposta C (aumento de 40%) e Proposta D (de 50%)." Ainda assim, a direcção afirmou aceitar qualquer resultado da votação, mas que, simplesmente, não poderia manter o orçamento se houvesse qualquer redução de entradas monetárias, pelo que teria de se desinvestir no futebol.

Postas as propostas à votação, a Mesa da Assembleia-Geral "quis contar os votos fila a fila. Tarefa imensurável!" Assim, "quando contava os votos a favor, houve uma acusação: "Esse não é Sócio." António Xavier não ligou, prosseguiu. Depois, quando contava os votos contra, outra acusação idêntica de não sócio surgiu, e o Presidente da Assembleia exigiu a identificação associativa.”

Tal levou a que um verdadeiro vulcão eclodisse na sala. " A corrente contra os aumentos propostos desceu as bancadas, cercou a Mesa, protestou violentamente e a Assembleia teve de ser suspensa. Estava tudo incendiado." A sessão haveria de continuar em outra data, com a votação das propostas a ser realizada em urna.

"Era uma hora e meia da madrugada. Tinham sido mais quatro horas de Sessão, em que a bancada anónima dos Sócios, dominara o trabalha. Aliás, eram, praticamente, esses os únicos presentes Os Sócios de actividade directiva do passado, as figuras gradas do Clube, estão, hoje, praticamente ausentes das Assembleias Gerais Vitorianas. A massa anónima comanda.”

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