O Vitória, versão 1984/85, foi uma desilusão.
Iludido pelo triunfo por quatro bolas a uma sobre o Benfica no final da temporada anterior, em que os Conquistadores entraram em campo com um grande número de jovens atletas, que haviam sido vice-campeões nacionais, Pimenta acreditou poder "fazer flores com eles."
Para os orientar, a aposta foi ousada. Assim, esta recaiu no belga Raymond Goethals, que encontrava-se impedido de sentar-se no banco de suplentes fruto de uma suspensão por corrupção que sofrera enquanto ao serviço do Standard Liége.
E, tal parecia indiciar uma temporada feliz, o que não sucedeu. O Vitória andou sempre pelos lugares mais baixos da tabela, obrigando a direcção a recorrer ao mercado e contratar os brasileiros Roldão e César para dotá-la de mais qualidade e retirá-la dos lugares mais fundos da tabela. Porém, mesmo assim, os Conquistadores acabariam de terminar o campeonato com três pontos de avanço para os lugares de despromoção, ainda que no nono posto.
No final da temporada haveria de partir, mas sem antes partir a louça, em duas entrevistas que muito deram que falar. Assim, na primeira ao jornal A Bola diria que "era mais fácil ver o papa do que o presidente do Vitória” e “que houve jogos que o Vitória perdeu como juvenis e quem sofreu foi o meu estômago.” Na segunda, ao jornal Gazeta dos Desportos iria um pouco mais além, para dizer que "... é verdade, acreditem meus senhores, quando vim não sabia dos problemas, mentiria se dissesse o contrário. Claro, claro, esperava fazer muito mais em Guimarães. Disseram-me, então, que o clube estivera na Europa, que Pedroto já o treinara, logo pensei: se o Pedroto esteve em Guimarães é porque o clube tem valor e potencialidades. Pedroto não treinaria qualquer clube, não é? Tinha, também boas referências."
Além disso, diria ter, quase de imediato, desenganado Pimenta quanto às capacidades do plantel, já que "vi-o mexer e vi logo que não ia poder fazer flores em Guimarães. Chamei o presidente e disse-lhe que o melhor que podíamos fazer era 25/26 pontos (acertou na mouche! Foram 25). Escrevi isso num papel que ele ainda traz no bolso."
Porém, segundo o belga, Pimenta não terá acreditado na profecia, já que segundo o treinador, que haveria de vencer a Liga dos Campeões em 1993, "o presidente sorriu, disse que iríamos mais longe, mas eu logo o avisei: presidente você sabe fazer contas mas de futebol percebo eu." E, como vimos, haveria de ter razão...