UM CASO POLÉMICO... NO HÓQUEI EM PATINS

O hóquei em patins foi a primeira modalidade, para além do futebol, que o Vitória abraçou.

Estávamos na década de 50 do século passado e muitos vitorianos vibraram com os feitos da equipa, capaz de escalar à hegemonia distrital e mesmo ambicionar chegar às decisões nacionais.

Porém, tudo se esvaiu muito rapidamente, em 1958, por causa do caso com a Sanjoanense, no jogo decisivo para o apuramento para o Campeonato Nacional... polémica que, ainda hoje, é objecto de dúvidas.

A jogar na casa do adversário a primeira mão da final, a partida ficaria marcada pela violência aplicada pelos hoquistas da equipa da casa com a complacência da equipa de arbitragem, composta por um árbitro da Associação de Aveiro e um adepto escolhido, pois o juiz que deveria ser indicada pela Associação de Braga não compareceu.

Entre agressões, stickadas que causaram ferimentos e apupos do público o Vitória perderia por seis a um. Mas, mais do que a derrota, o que causou revolta em Guimarães, foi o modo hostil com que a equipa foi recebida em São João da Madeira... o que pedia vingança!

Porém, se o ambiente no Rink da Amorosa já se previa escaldante, mais ficou quando o adversário surgiu com um lutador de luta-livre a escoltá-la. Falamos de um nome que ficou na história. Dom Pipas, vimaranense de nascimento, mas há muito radicado em São João da Madeira, tinha como missão defender a equipa adversária.

Com a revolta a falar mais alto, sucederam factos que, ainda hoje, são nebulosos até pela intempérie que nesse dia se abateu sobre Guimarães. A verdade é que a equipa adversária não entrou em rink, dando-se, num primeiro momento, o triunfo ao Vitória por falta de comparência.

Porém, tudo mudaria.

Os jogadores de São João da Madeira abandonaram Guimarães, recusando-se a ser assistidos no hospital vimaranense, para se dirigirem ao jornal Comércio do Porto. Ao invés de recorrerem a cuidados médicos, o que seria expectável se estivessem a precisar de cuidados médicos, dirigiram-se a um jornal a 50 quilómetros de Guimarães, onde apresentaram queixa do sucedido. Além disso, os "factos terão sido tão graves" que um director do adversário haveria de confessar nada ter visto, o que terá sido surpreendente atendendo ao cenário apresentado.

Como tantas vezes tem acontecido, a empresa, imediatamente, construiu uma versão sem direito a contraditório e que seria legitimadora da abertura de um inquérito que culminou com o afastamento do Vitória do campeonato e a interdição do Rink da Amorosa por um ano.

Acresce, ainda, que logo no dia seguinte, os sanjoanenses para continuarem a difundir a sua versão do sucedido convocariam toda a população para se manifestar nos seus Paços do Concelho, de modo a fazer esquecer o que houvera sucedido na primeira mão da eliminatória, em que os jogadores vitorianos haviam sido tratados de modo selvático e em que um jogador da sua equipa fora castigado com um ano de suspensão e um dirigente com três meses

O Vitória acabaria castigado numa machadada que se revelaria demasiado cruel para o hóquei em patins...ainda haveria de voltar a ser praticado, mas com poucos praticantes e sem o entusiasmo de outrora haveria de desaparecer! Ficaram as memórias...

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