Romano Sion foi importante na fuga ao inferno da descida, na temporada de 2000/01. Com efeito, os seus cinco golos nas doze partidas que disputou, com especial destaque para o obtido na derradeira jornada desse campeonato perante o Farense, garantiram um enorme suspiro de alívio a uma equipa que, durante muito tempo, pareceu estar na borda do precipício.
Fruto disso, ganhou influência no balneário. Uma influência que o tornou em sucapitão de equipa, a secundar Cléber, que mal chegou mostrou a sua influência, e... em herói dos adeptos, graças aos espectacular golo que apontou ao eterno rival. Sion estava na crista da onda e era pedra fulcral da equipa, ainda que os outros avançados Romeu e Ceará piscassem o olho ao seu lugar.
Até que em vésperas do jogo com o Boavista, que haveria de entrar na história pelo extraordinário golo de calcanhar de Romeu, o "caldo entre treinador e jogador entornou".
Assim, decorria um exercício físico para grupos de dois jogadores. O preparador físico Jorge Ramiro comandava o pelotão e Augusto Inácio observava num ponto estratégico o andamento dos trabalhos. Sion fazia par com Paulo César. Inácio puxou pelo avançado brasileiro e o neerlandês fez um comentário que desagradou ao treinador. "Aqui há gente que fala de mais e trabalha pouco. Vê lá se trabalhas, se não vais para o balneário..."
O jogador respondeu ao treinador em tom irónico, gerando-se um bate-boca em que perguntou ao técnico quem trabalhava pouco. O técnico, esse, não foi de modas: " - Digo-te na cara. Tu falas muito e trabalhas pouco."
O remoque de Inácio tinha uma razão de ser. Na verdade, Sion houvera dado uma entrevista ao jornal Desportivo de Guimarães, em que dizia que "Eu sei quando jogo mal e quando estou bem. É verdade que não gostei da decisão que o 'mister' tomou na semana do jogo com o Sporting. Não gostei mas tenho de aceitá-la, por qualquer razão que invoque".
Assim, o jogador acabaria suspenso, também por um episódio ocorrido com o defesa brasileiro William num treino, com Pimenta Machado a afirmar que no Vitória tinha de existir disciplina. Acabaria dispensado do clube, findando a temporada com as cores do Rio Ave... uma desilusão para o homem que, em voo, havia batido Quim e feito o Vitória ganhar ao eterno rival!
