Pimenta Machado entrou como um furacão no futebol português.
Chegado a presidente do Vitória em 1980, imediatamente, deu uma prova de força ao contratar a tripla técnica mais extraordinária da história do futebol português (José Maria Pedroto, Artur Jorge e António Morais), bem como jogadores da estirpe de Vítor Damas e Blanker.
Fruto dessas atitudes pro-activas e por já ser membro da Comissão Executiva da recém-criada Liga de Clubes fez-se notado no futebol português... a ponto do seu legado de 24 anos à frente do Vitória, poder ter durado, apenas, dois.
A história conta-se em poucas palavras. A Federação Portuguesa de Futebol sofrera uma mudança estatutária, abrindo a possibilidade de qualquer pessoa poder ser o seu líder máximo, ao invés do que sucedia anteriormente em que, apenas, os três maiores clubes lisboetas (Benfica, Sporting e Belenenses) podiam indicar os candidatos, o que permitia que Lisboa mantivesse o controlo do futebol nacional.
Assim, de imediato, diversos clubes da primeira divisão, afastados do espectro centralista, como o FC Porto, Boavista, Espinho, SC Braga, Varzim, Salgueiros e Rio Ave, pensaram em indicar o jovem dirigente como candidato à direcção, ainda que para tal suceder tivessem de vencer a oposição dos restantes órgãos sociais do Vitória, que não pretendia passar por outro período de instabilidade directiva. A ajudar à vaga de fundo, surpreendentemente, nem Benfica, nem Sporting colocaram entraves a tal pretensão.
Assim, em Guimarães preparava-se a sucessão. O seu primo Armindo ficaria na liderança do clube, enquanto António seria o líder máximo do futebol português. Porém, de um momento para o outro, tudo seria travado. Desacordos entre os primos na assunção das responsabilidades financeiras até então assumidas, fizeram Pimenta dizer que não à possibilidade aventada e levando Armindo a abandonar a direcção.
A história vitoriana encaminhou-se para o rumo que conhecemos dela, mas poderia ter sido completamente diferente...