QUANDO O PSD USOU PIMENTA PARA TENTAR BATER MAGALHÃES...

O ano de 1997 trazia consigo mais umas eleições autárquicas.

Em Guimarães, era mais uma possibilidade que o PSD tinha para bater o poder socialista reinante (que ainda hoje continua a liderar a autarquia). Para isso suceder, a aposta recaía em tentar levar Pimenta Machado, por essa altura, já há 17 anos na liderança do Vitória e, talvez, no seu momento de popularidade mais alto enquanto liderou os Conquistadores.

Todavia, esse processo de sedução que chegou mesmo às instâncias nacionais com Marcelo Rebelo de Sousa, actual Presidente da República e na altura líder nacional do partido, a incentivar Pimenta para ir à luta. Era o peso pesado destinado a mudar um panorama que, ainda, hoje se mantém.

Porém, para isso suceder era necessário esboroar a força de António Magalhães e, simultaneamente, demonstrar a Pimenta a sua relevância. Por isso, naquela Assembleia Municipal de Outubro de 1996, o PSD jogou cartada decisiva... deixando a todos surpreendidos!

Assim, sabendo da cruzada que o presidente do Vitória ia travando para a limpeza do futebol português, o grupo de deputados sociais democratas resolveu, através de Florentino Cardoso, apresentar uma moção de solidariedade com este "pela luta pela verdade e transparência no futebol" que o presidente do clube vinha "travando de forma corajosa e abnegada."

Com esta atitude, além de tentar demonstrar a Pimenta que já tinha tropas destinadas a bater-se por ele, procurava dividir a bancada socialista, pois, os deputados que sentiam o Vitória, não poderiam deixar de votar favoravelmente aos actos de um homem que poderia candidatar-se contra eles.

Teria o êxito esperado, com a bancada em maioria na Assembleia dividiu-se e a moção a obter a maioria dos votos, ainda que não referisse directamente Pimenta, mas aludisse a que "tem sabido construir um magnífico património desportivo (...) sem descurar o rigoroso cumprimento das suas obrigações fiscais."

Obviamente, tal acto desencadearia a indignação de António Magalhães, que acusou o partido subscritor da moção de aproveitamento político. "- Esta moção é uma chantagem que estão a fazer ao Vitória... é um processo enviesado para pôr a Câmara em sobressalto", chegando ao ponto de desvalorizar os seus camaradas socialistas que tinham votado favoravelmente a proposta pois, segundo ele, " compreendia o voto favorável dos deputados socialista, pois eles não são profissionais da política e não estão por dentro destes aspectos de pormenor."

Além disso, via o acto como uma tentativa do partido laranja colar-se ao Vitória, o que foi rapidamente rebatido por Domingos Ribeiro que lembrou que "quem andou atrás de muletas foi o PS, que fez depender a doação do estádio de uma vitória eleitoral. Até atravessaram o estádio juntos."

Com o panorama político e desportivo vimaranense e vitoriano em polvorosa, a candidatura de Pimenta não passaria do papel. Segundo Luís Cirilo, na altura líder da concelhia social democrática, em entrevista recente ao Jornal de Guimarães, "a linha tradicional concelhia, que não gostava de Pimenta Machado, começou a minar junto de pessoas próximas do Professor Marcelo, nomeadamente Manuela Ferreira Leite, Leonor Beleza, José Luís Arnaut e Marques Mendes, que foi um dos “ponta de lança” da sabotagem dessa candidatura. Fizemos um plenário concelhio e 90% foram favoráveis à candidatura, mas foi vetada pela direção nacional do partido. Numa reunião, em Lisboa, com a comissão autárquica do partido, disseram-me que não aceitavam e propuseram em alternativa ser eu o candidato, com a garantia que nas eleições seguintes seria candidato a deputado. Não aceitei e reafirmei que se a candidatura apoiada pela concelhia não fosse aprovada eu saía. E saí!" E, Pimenta jamais entraria numa carreira política...

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