O Vitória na segunda volta daquele campeonato de 1995/96 era quase imbatível. Inapelável no modo como subjugava os adversários, ora tocando acordes de uma bela sinfonia futebolística (os violinos de Pacheco), ou, simplesmente, trincando a língua e cerrando os dentes numa atitude de abnegação que não merecia qualquer reparo (o s bombos, a que também o treinador aludia).
Por isso, não foi surpresa que, depois daquela infeliz noite de Neno contra o Benfica, começasse a galgar lugares na classificação. A recuperar terreno para todos os participantes daquele campeonato, sem excepção, numa caminhada que terá ficado aquém do merecido, com as duas derradeiras derrotas da Liga, em casa perante o Boavista e em Braga na despedida de N'Dinga e com o avançado Gilmar a actuar a defesa central.
Por isso, aquele desafio dos quartos de final da Taça de Portugal, na Luz, perante o Benfica, era visto como uma final antecipada. Talvez, a prova mais árdua antes de voltar a calcar a relva do Jamor, num momento em que os Conquistadores pareciam em muito melhor forma do que o adversário.
Porém, nada disso sucedeu. Sob a arbitragem do portuense Martins dos Santos, e a alinhar Nuno; José Carlos, Tanta, Vítor Silva, Quim Berto; Marco Freitas, Paneira, Zahovic; Capucho, Gilmar e Ricardo Lopes, a equipa vitoriana teve uma atitude corajosa e "descarada", procurando resolver a eliminatória no recinto do rival, algo que não conseguido pela dualidade de critérios do juiz da partida.
Dualidade de critérios manifestada pela admoestação em excesso de cartões amarelos aos jogadores vitorianos, que fez com que o médio Marco Freitas fosse expulso aos 88 minutos, obrigando o Vitória a actuar durante todo o prolongamento com dez jogadores o que fez com que acabasse por soçobrar graças a um golo do luso-brasileiro Marcelo.
O sonho morria, para, logo de seguida, Pimenta Machado saltar a terreiro para demonstrar a sua indignação pelo sucedido na contenda contra o árbitro... e contra a RTP por ter, segundo este, ter tentado branquear o sucedido. Por essa razão, assumia ter pedido audiências ao presidente da Câmara Municipal, ao Governador Civil de Braga, bem como ao secretário de estado da Comunicação Social para apresentar uma queixa contra os "referidos senhores, porque a RTP é um canal público e as gentes de Guimarães pagam os mesmos impostos que as gentes de outras cidades e porque quem não se sente..."
Quanto ao árbitro, acusou-o de perseguição aos Conquistadores, bem como a complacência como tratou os jogadores do Benfica, ainda fechando os olhos a um fora de jogo posicional (na altura, sancionável) de Mauro Airez. Por isso, lamentou que Martins dos Santos "não estivesse à altura da importância do encontro e que, ostensivamente e notoriamente tivesse empurrado o Benfica para o Vitória e tivesse perseguido de uma forma, também, notória os jogadores do Vitória, começando pela amostragem dos amarelos para intimidar e de certa forma refrear os ímpetos dos jogadores."
Assim, morria (mais uma vez!) o sonho de vencer a Taça de Portugal com culpas notórias de um árbitro com fama de justiceiro e com o apoio de uma estação televisiva sempre disposta a proteger os de sempre...