O Vitória andava em alta por aquelas alturas…
Com efeito, naquela segunda volta da temporada de 1995/96, a equipa orientada por Jaime Pacheco era fascinante, arrebatadora e quase invencível.
Por isso, na deslocação à vizinha Felgueiras, cujo clube actuava pela primeira vez na Primeira Divisão, a enchente foi superlativa, afirmativa de um clube cuja paixão é imensa.
Porém, aquele dia 10 de Março de 1996 ficou marcado por muitas razões, para além do jogo em si.
Assim, ainda antes do início da partida, uma manobra inopinada e inesperada de um autocarro atropelaria uma figura mítica dos vitorianos. O lendário “Tareco”, o homem capaz de colocar os vitorianos em todos os estádios, haveria de soçobrar por uma paixão que teve a vida toda e conseguiu passar ao seus: o Vitória!
Já nas bancadas, ainda não se sabia o desenlace do infeliz vitoriano, notava-se um facto. A principal claque do clube, na altura, os Insane Guys, não se encontrava nas bancadas. Numa altura em que os telemóveis não eram frequentes como são hoje, chegou já o jogo tinha começado que uma camioneta que transportava a claque tinha sofrido uma avaria a caminho.
Por isso, os ultra vitorianos haveriam de chegar com o jogo a decorrer. E, aí, o inesperado aconteceu. Mal entraram nas bancadas, os jovens vitorianos foram invectivados, agredidos, lançando-se a multidão adepta do clube da casa contra todos os vitorianos que estavam naquele sector.
Choveram pedras, grades, foguetes, com velhos e crianças a tentarem refugiar-se de uma verdadeira intifada. Com o jogo a ser interrompido pelo juiz Carlos Basílio, todos os jogadores se afadigaram a pedir calma aos adeptos.
Haveria de ser retomado, para o Vitória na segunda metade confirmar a sua superioridade… um golo de Ricardo Lopes e um bis de Gilmar continuaram a manter o clube no trilho europeu. Mas o jogo, infelizmente, tivera muitos episódios…