Terá sido, provavelmente, o treinador mais marcante da década de 90 do século passado no Vitória.
Joaquim Duro Lucas de Jesus, conhecido por Quinito, conseguiu graças a um futebol alegre e descomplexado, aliado a bons resultados, entrar no coração dos vitorianos.
Por isso, depois de ter abandonado o clube após ter obtido o quarto lugar em 94/95, voltaria para resgatar os Conquistadores, após a partida de Pacheco, fazendo ainda melhor. Conseguiu um terceiro posto para voltar a abandonar a equipa que seria entregue a Zoran Filipovic que não durou muito tempo. Voltaria a ser chamado "o homem da carne toda no assador", que, apesar de, nesse ano, ter perdido o apuramento europeu, decidiu, ao contrário das outras vezes, continuar ao leme dos Conquistadores com o objectivo de reformular a equipa.
E, assim, graças a nomes como Fernando Meira, Lixa, Pedro Mendes, Rego, Lima e Kipulo, o Vitória fez primeira volta de nível, empatando com o FC Porto, no jogo que ditou a grade lesão de Lixa, vencendo em Braga e em casa o Benfica.
O pior viria na segunda volta da prova, já depois das eleições em que Pimenta houvera batido Arantes. Com o Vitória a perder gás, o presidente resolveu responsabilizar o treinador pelo facto, ainda que o êxito caseiro perante o Boavista, em noite de extraordinária excepção da nova contratação, Preto Casagrande, parecesse acalmar os ânimos e encaminhar mais um apuramento europeu.
Entrou-se, contudo, numa fase em que o Vitória era capaz de vencer em casa, sendo derrotado fora, o que levou Pimenta Machado a comentar que o “o Vitória é para consumo interno. Realiza bons jogos em casa e fora é uma desgraça”, tendo Quinito retorquido com um claro "não respondo a esse senhor, e a época que estamos a fazer merecia que se abrissem garrafas de champagne", o que fez com que o presidente do Vitória lhe instaurasse um processo disciplinar.
Com a equipa em ebulição, a espiral negativa de resultados ainda se tornou mais notória, só sendo o Vitória capaz de bater o Campomaiorense, à vigésima sexta jornada do campeonato, não o voltando fazer na prova.
Na verdade, as derrotas subsequentes que levou o plantel a instaurar um black-out na sequência de um artigo em que era acusado de comodismo, pareciam ser o apogeu de uma temporada a terminar em queda livre.
O pior, contudo, estava para chegar. Depois de ter perdido em Alvalade e em casa com o Marítimo, o quarto posto, outrora seguro, estava definitivamente perdido, o que levou Pimenta Machado a considerar "ser perfeitamente inadmissível que em alta competição, uma equipa com sete pontos de vantagem, com a Europa praticamente assegurada, chegasse a isto. Se houvesse uma postura realmente profissional e de respeito para com a massa associativa, com certeza que esse quarto lugar não fugiria. Só fugiu da forma acomodada como a equipa se exibiu (...). Tudo isto é resultante das palavras do treinador ao dizer que os objectivos estavam conseguidos e que se podia abrir champagne. Isto é perfeitamente inaceitável, mas temos as Leis Laborais que temos ...”
Com estas palavras, selou o destino de Quinito que foi despedido, para deixar a equipa nas mãos do adjunto António Ribeiro, que sofreu uma derrota por três bolas a zero na Luz, num requiem triste, custoso e que só ansiava pelo desenlace final...
Acabava, do modo mais infeliz, a carreira de um treinador que, ainda, hoje é recordado pelos vitorianos!