A década de 70 vitoriana foi quase sempre a "do quase" aquela em que a equipa promete ser capaz conquistar o ambicionado regresso europeu e que por uma razão ou por outra jamais se concretizou.
A última temporada deste período temporal, ou seja referente ao ano de 1979/80, seria igual, obtendo a equipa a sua classificação mais tradicional neste período (o sexto posto), ainda que nela tivesse entrado um presidente que haveria de ser marcante, a todos os títulos, no Vitória, António Pimenta Machado.
Seria, contudo, ainda sob a liderança de Gil Mesquita e com o argentino Mário Imbelloni no banco, que os Conquistadores encetaram uma série de resultados que foi capaz de os fazer alvitrar que naquele ano, o primeiro após o corte definitivo com Mário Wilson, seria o do regresso europeu.
Na verdade, depois de duas derrotas nas cinco primeiras jornadas frente a Benfica e SC Braga, a equipa estaria quase três meses sem conhecer o sabor da derrota, o que significou dez partidas entre campeonato e Taça de Portugal invicta.
Um conjunto de jogos que foi encetado a 30 de Setembro de 1979 com um triunfo por uma bola a zero frente ao homónimo sadino, graças ao tento de Mundinho, com a equipa a alinhar do seguinte modo: Melo; Ramalho, Manaca, Tozé, Gregório Freixo; Abreu, Festas, Almiro; Ferreira da Costa, Mundinho e Joaquim Rocha, o golo de Mundinho bastaria para fazer os vitorianos felizes. Tratava-se de um bom prenúncio para o futuro, pois como escrevia o Notícias de Guimarães de 05 de Outubro de 1979, só não existiram mais golos "umas vezes por imperícia, outras porque o guarda-redes contrário estava em dia de tudo defender e outras porque não teve sorte." Por isso a segunda parte foi vivida "com o credo na boca."
Depois disso, a equipa continuaria sem ser desfeiteada, ainda que o inusitado número de empates obtidos (cinco) impossibilitassem que chegasse à decima terceira jornada acima do sexto posto, ainda que a um ponto do quarto posicionado Boavista. Na verdade, numa altura em que os triunfos, somente, valiam dois pontos, a obtenção da igualdade era mais do que um mal menor... era quase encarado com um sorriso, como foi o conquistado perante o Porto em que "o plano de Imbelloni resultou, ao tapar todos os caminhos que dessem até à sua baliza, manietando o conjunto adversário e algumas das suas pedras mais influentes."
Esta sequência teria, contudo, um ponto alto. Estávamos na antevéspera de Natal e o Vitória deslocou-se a Braga em partida a contar para os 32 avos de final da prova rainha do futebol português. Assim, a alinhar com Melo; Ramalho, Manaca, Tozé, Alfredo; Abreu, Almiro, Gregório Freixo; Ferreira da Costa, Mundinho e Vítor Manuel, obteve um "triunfo magnífico no campo do adversário (...) perante um Sporting de Braga que apareceu bem melhor que ultimamente, mas ainda inferior, em valor global, ao actual Vitória..." Assim, o bis de Mundinho, com o tento do triunfo a chegar já no prolongamento, confirmavam o estado de graça de uma equipa.
Infelizmente, a derrota, essa haveria de chegar na jornada seguinte em Alvalade cerceando uma sequência em que tudo pareceu correr sobre rodas...e com ela trazer uma sequência de cinco partidas sem triunfar. Estava visto que, apesar daqueles bons momentos, a época ia ser mais do mesmo no que a Europa dizia respeito...