O TRIDENTE MARAVILHA

Terá sido o primeiro tridente ofensivo a apaixonar os vitorianos!

Três brasileiro a povoarem o imaginário dos vitorianos e que os mais velhos saberão recitar de cor: Ernesto, Edmur e Carlos Alberto.... três nomes que se tornaram ídolos.

O primeiro a chegar seria Ernesto para jogar nos tugúrios da segunda divisão, em que o Vitória houvera caído. Recomendado por António Pimenta Machado, primo do seu homónimo que haveria de ser presidente do clube e que se distinguiu por abrir o mercado brasileiro ao clube. Aliás, Ernesto estará para sempre ligado à história do clube por ter sido o primeiro atleta canarinho a sentir o Rei no seu peito.

Estaria três anos a lutar para fazer o Vitória regressar ao principal escalão. Haveria de o conseguir... para no ano em que o Vitória voltou a competir no principal escalão ser acompanhado por dois compatriotas, novamente, recomendados pelo "Pimenta do Brasil", como era conhecido o vimaranense radicado na zona do Recife.

Sem serem nenhuns meninos, tinham cartel. Edmur chegara, inclusivamente, a ser internacional brasileiro em 1955, e procurava relançar uma carreira que parecia em declínio aos 28 anos. Carlos Alberto, chegava com a mesma idade, com rótulo de qualidade, mas sem o curriculum do colega que houvera actuado em emblemas como o Flamengo ou o Vasco da Gama.

Os três juntos seriam o garante da afirmação vitoriana na Primeira Divisão, numa complementariedade que deixou os vitorianos inebriados. Nas duas temporadas que actuaram junto foram capazes de demonstrar que a "descoberta do Brasil" nos anos futuros poderia vir a ser muito rentável e profícua em termos desportivos, mas, também, financeiros.

Este trio, também, assim o seria. Depois de desencadearem paixões em Guimarães, pelos golos de Ernesto e de Edmur, que veio a ser Bola de Prata em 1960/61 (um dos dois jogadores vitorianos a conseguir tal feito, a par de Paulinho Cascavel), e pela irreverência de Carlos Alberto, que terá sido um protótipo dos jogadores que mais fascinam os vitorianos (capazes de em dia bom atingir o topo, mas contrabalançando isso com tardes de ocaso inquietante), partiriam. Ernesto por ter sido o primeiro a chegar, pela idade o começar a trair e por uma suposta história de indisciplina que levou a que fosse dispensado, Carlos Alberto pela sua indisciplina e por cada vez mais os momentos de apagamento serem superiores aos de exaltação e Edmur, vendido ao Celta de Vigo, por um valor na ordem dos 300 contos.

O avançado brasileiro na hora do adeus, ainda recebeu uma carta aberta em que um grupo de adeptos lamentava que não tivesse sido homenageado por todos que o admiravam, mas, apenas, num jantar restrito a um conjunto determinado de associados. Ora, segundo os subscritores da missiva “não era assim que esperávamos que te fosses embora de Guimarães. O aplauso e a saudade deviam ser manifestados mais amplamente, uma vez que muitos mais também desejavam provar-te a sua admiração ou o seu reconhecimento pelas horas gloriosas de prazer que lhes proporcionaste. Foi pena, realmente, que o espírito de sector dominasse a tua despedida, pois, para mais tu nunca o cultivaste, uma vez que agiste sempre acima dele, leal e correctamente.”

Tão marcante seria esta tríade que todos haveriam de ficar ligados a Guimarães. Ernesto viveu em Guimarães, na Rua Manuel Saraiva Brandão, até á data da sua morte em 2011. Carlos Alberto casou com uma portuguesa e ficou nas imediações. Edmur, esse, depois do final da carreira voltaria à Cidade-Berço, para ajudar a sua filha a criar um jardim de infância. Faleceria em 2007, sendo eternizado pelo nome do museu do clube: Museu Edmur Pinto Ribeiro.

Haverá mesmo dúvidas que os três brasileiros tornaram-se inesquecíveis?

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