O DIA EM QUE O VITÓRIA FOI ESPOLIADO!

Há 47 anos em que o Vitória terá sofrido uma das arbitragens mais prejudiciais da sua história, ao nível do esbulho que sofreu em Basileia, ou em Braga, aquando do "jogo de Soares Dias".

Este episódio que narraremos ficou para sempre associado a uma personagem chamada António Garrido, que apitou a final da taça da temporada de 1975/76 entre os Conquistadores e o seu rival de sempre, o Boavista.

Com efeito, depois de ter afastado o FC Porto e o Sporting, de forma heróica e estóica, cabia aos homens orientados por Fernando Caiado, encontrar os axadrezados na final.

Tratou-se, porém, de um desafio inquinado por outros factos para além da arbitragem altamente lesiva aos interesses vitorianos.

Desde logo, pela escolha do local da partida. Na verdade, a Federação Portuguesa de Futebol, considerando que as duas equipas eram do Norte, propôs a realização da partida no Estádio das Antas, algo que, apesar de facilitar a deslocação dos vitorianos, colocou o Boavista, praticamente, a jogar em casa, ainda para mais, pelo facto de terem aparecido muitos adeptos portistas a apoiar as cores axadrezadas.

Depois, surgiu a guerra do horário em que se deveria disputar o jogo. O Boavista pretendia que o mesmo fosse realizado pelas 21h30m, enquanto o Vitória, num tempo em que não existiam auto-estradas, preferia que este fosse realizado pelas 18h00m, de modo aos seus adeptos poderem deslocar-se em maior número. A Federação foi o que sempre tem sido: titubeante e pouco firme. Assim, marcou primeiro para as 17h30, para depois o alterar para o período da preferência dos boavisteiros. Depois de acesos protestos dos responsáveis vitorianos, que chegaram mesmo a ameaçar não fazer a equipa deslocar-se ao Porto, tudo voltaria à primeira forma, com a partida a realizar-se na hora inicialmente marcada.

Falemos, agora, do árbitro: António Garrido, que no ano anterior a este episódio, houvera tido uma arbitragem polémica numa partida entre os mesmos contendores, que desencadeou a fúria dos adeptos vitorianos, num episódio que haveremos de escalpelizar numa próxima publicação. Porém, poderemos dizer que a falta de senso que sempre existiu no futebol português, terá ficado bem expressa na nomeação de um homem que prejudicara gravemente o Vitória numa partida contra o mesmo oponente... e que arruinara os sonhos dos Branquinhos regressarem aos palcos europeus. Além disso, relembre-se queGarrido tinha colocado o Vitória em tribunal a reclamar uma indemnização pelos danos sofridos, bem como gerado que muitos dos seus colegas vetassem as partidas vitorianas. Mas, numa prova de boa-fé, ou de inocência se preferirmos, os dirigentes do Vitória aceitaram a nomeação, sem a questionarem, o que terá sido um erro... quanto mais não fosse, para tentarem estancar o que viria a suceder depois!

Na verdade, os 90 minutos do jogo, foram do mais parcial que se possa imaginar. Foram três grandes penalidades que Garrido fez vista-grossa a favor do Vitória, uma sobre Pedrinho com o jogo empatado a zero, outra sobre Tito com o adversário já a vencer por uma bola a zero para transformar a infracção num livre fora de área, interrompendo o jogo quando Pedrinho se aprestava para igualar a partida e, por fim, sobre Almiro, quando o jogo caminhava para o seu final e o conjunto vitoriano massacrava o seu oponente. Neste último lance, o jogador brasileiro do Vitória foi agarrado pela camisola, depois rasteirado e ainda teve a perna agarrada...sem que nada fosse assinalado pelo homem encarregue de ajuizar os lances da partida.

Assim se perdia pela terceira vez a Taça de Portugal, com uma das arbitragens mais escandalosas da história do futebol português, como os mais valorosos jogadores vitorianos haveriam de confirmar.

Perante a indignação geral, o presidente do Vitória, apesar de ter congratulado o adversário, reforçou a péssima arbitragem do jogo, dizendo que "António Garrido é um árbitro falhado. Julgo que nunca deveria ter sido escolhido para arbitrar esta grande final. Teve sempre, desde o início, a nítida intenção de prejudicar o meu Vitória SC. Foi mais que evidente. É um juiz incompetentíssimo que devia ser positivamente banido do futebol nacional.”

Garrido, esse, porém, continuou a arbitrar como se nada tivesse sucedido, chegando mesmo a afirmar que “todo o jogo andaram a ligar-me ao que aconteceu no ano passado. Pediram não sei quantos penaltys. Mais uma vez mostrei que não receio apitar qualquer jogo. Só lamento é que certas pessoas pisem por vezes as marcas.”

Tal como, agora, a impunidade grassava e Garrido progredir na carreira, arbitrar em Campeonatos da Europa e do Mundo... sendo, a prova da sua impunidade, o facto de ter-se, posteriormente, vindo a saber que arbitrou aquele jogo por expressamente o ter solicitado... certamente, com uma ideia de vingança, para espoliar a primeira Taça de Portugal da história ao clube do Rei!

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