M’BOUH – UM COMETA PROVENIENTE DOS CAMARÕES

Aquele Mundial 90 tinha sido especial...

Não pelo crescente tacticismo que toldou as principais selecções, com mais cautelas do que audácia.

Mas, principalmente, por uma fantástica selecção africana, os Camarões, cujo líder dentro de campo era um velho feiticeiro, de nome Roger Milla, que com 38 anos era a alma espiritual e futebolística de uma equipa que jogava com uma atitude que a todos deixava boquiabertos.

Porém, para os irreverentes avançados colocarem água pela barba às defesas contrárias, urgia controlar o meio campo, ganhar essa batalha. Para isso, além dos colossos físicos, surgiu uma "formiguinha" franzina de pouco mais de 1,60 metros, capaz de lutar contra os portentos físicos das selecções contrárias. Era Émile M'Bouh, que, num tempo em que não era tão fácil como actualmente conhecer os jogadores, deixou a todos estupefactos por correr 90 minutos de forma incessante e, ainda, ser capaz de colocar a bola com critério nos seus colegas, ainda que já tivesse como credenciais o facto de ter figurado por duas vezes (em 1986 e 1988) na equipa ideal da Taça de África.

A actuar no modesto emblema suíço CS Chenois, tornou-se num dos jogadores revelação da prova, a ponto de quando, após o final da prova, ter sido anunciado que iria assinar pelo Vitória, ter feito meio mundo abrir a boca de espanto... depois de lutar e refrear os ímpetos de jogadores como Maradona, Hagi, Valderrama ou Gascoigne, iria envergar o Rei ao peito.

Porém, em Guimarães, fruto de uma conjuntura difícil, num ano em que o Vitória teve três treinadores, ou de uma adaptação mais custosa, a verdade é que não teve o rendimento esperado.

Assim, apenas, seria utilizado em 15 partidas, sendo incapaz de demonstrar a relevância desejada. Como coroa de glória, o golo marcado em Setúbal, num espectacular cabeceamento em voo, e que ajudou a que o Vitória triunfasse por três bolas a duas, numa noite em que, do lado contrário estreou-se Yekini.

Partiria no final da época, rumo ao Benfica Castelo Branco, com a certeza que poderia ter feito muito mais...

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