Naquela temporada de 1971/72, como já escrevemos, depois do susto e da salvação miraculosa do exercício anterior, o Vitória resolveu empreender uma reformulação do seu plantel.
Reformulação essa que, também, passou pela aposta no treinador Mário Wilson, que teve como missão construir um conjunto que servisse de base para a década.
Assim seria, começando a equipa por vencer o Barreirense por duas bolas a zero, graças ao bis de Tito em estreia com o Rei ao peito, para nas cinco primeiras jornadas só conhecer a derrota em Coimbra, ainda que por pesados quatro a um, que seria atenuada por um triunfo por uma bola a zero no Restelo, graças a um tento obtido por Hélder Ernesto.
O pior viria, contudo, depois, com os Conquistadores a averbarem nos seis jogos seguintes, apenas, um empate e que terá impedido a equipa concebida e construída por Wilson de ir mais além.
Tal senda começou em casa com o Sporting, a 24 de Outubro de 1971, num dia em que os Conquistadores alinharam com Rodrigues; Costeado, José Carlos, Manuel Pinto, Osvaldinho; Ribeiro, Custódio Pinto, Hélder Ernesto; Jorge Gonçalves, Tito e Ibraim. Nesse dia, o golo de Ibraim seria insuficiente para obviar aos dois tentos leoninos, num jogo em que o Notícias de Guimarães de 30 de Outubro de 1971, considerou que "a sorte não acompanhou a equipa vimaranense. Pelo contrário, até estiveram com ela os azares do jogo(...) pelo que bem cedo um resultado amplo bem podia ser angariado pelo quadro vitoriano."
Seria o início de um período de quase dois meses em que o Vitória, apenas, seria capaz de empatar em casa com o homónimo sadino a um, graças ao tento de Ibraim. Assim, o Notícias de Guimarães de 11 de Dezembro de 1971, considerava que "é que para além das lesões que, inegavelmente, a afectou, quebrando-lhe um entrosamento que chegara a bem patentear, coube-lhe pela via do sorteio três jogos em casa, com visitas de contendores para problemáticos efeitos. Isto (...) podia tê-la levado a uma queda funesta pela tabela abaixo."
A funesta série, ainda, teria mais um episódio em Aveiro, frente ao Beira-Mar, com uma derrota por duas bolas a uma, de nada valendo o tento de Custódio Pinto. O Vitória, passadas onze partidas, estava no décimo terceiro posto com, apenas, dois pontos de avanço para o derradeiro lugar ocupado pelo Leixões.
Por isso, aquele jogo com o Tirsense, a 19 de Setembro de 1971, assumia foros de importância capital. Seria vencido de forma brilhante, graças a êxito que indiciava a vontade dos Conquistadores escalarem na tabela. Foram sete golos, num dia de extraordinária inspiração do goleador Tito, autor de quatro tentos! O Vitória ia começar a escalar lugares na tabela, até à sexta posição final, mas isso será merecedor de ser analisado na história seguinte.