COMO UMA INESQUECÍVEL TARDE DE CHUVA FEZ DJALMA ENTRAR NA HISTÓRIA...

Estávamos na oitava de Natal, uma Quarta-feira...

Depois das delícias provadas à mesa natalícia, seguiu-se outra iguaria. Desta feira futebolística, confeccionada e servida por um tão genial quanto rebelde brasileiro de nome Djalma.

Na verdade, nesse ano, o Vitória, comandado pelo francês Jean Luciano, andava na crista da onda. Uma crista da onda que o fazia chegar aquela décima primeira jornada no segundo posto da tabela com 16 pontos, em igualdade com o Benfica, e a quatro pontos da liderança, ocupada pelo Sporting.

Contudo, diga-se que o jogo era para ser disputado no Domingo anterior, na ante-véspera de Natal. Só que tal não seria possível, pois "choveu bastante, realmente. Todavia a não realização por impraticabilidade do relvado do Estádio Municipal, do jogo para lá marcado, causou-nos certa espécie, principalmente, considerando que nas redondezas, todos os demais jogos se consumaram de princípio a dim, disputando-se, muitos deles, em terrenos pelados."

Deste modo, o jogo passou para a Quarta-feira seguinte, no dia após ao Natal, como uma deliciosa continuação de uma quadra festiva. Além disso, quando entraram em campo, os Conquistadores já sabiam que o conjunto encarnado tinha empatado, pelo que, em caso de triunfo naquele derby, assumiriam isolados a segunda posição da tabela.

A alinhar com Dionísio; Gualter, Manuel Pinto, Artur, Daniel; Morais, Peres; Vieira, Djalma, Mendes e Castro, o Vitória fez uma exibição de encher o olho, consagrada numa inesquecível tarde do seu avançado brasileiro.

Acresce, ainda, como escreveu o jornal Notícias de Guimarães de 01 de Janeiro de 1966, "a imolação envolvente dos derbys minhotos cria-lhes expectativas ímpares. Corre, por exemplo, a ideia de que contra o Vitória, a equipa bracarense se desdobra num esforço desusado que nos demais encontros que disputa. Há mesmo quem queira expressar uma tradição. Desta feita, nada disso se verificou...". Tal ficou a dever-se, acima de tudo, à inspiração de Djalma que, logo, aos 4 minutos encontrou o caminho para as redes de Martinho, o guardião contrário que iria buscar a redondinha ao fundo das malhas por meia dúzia de vezes.

Um banho de futebol, similar ao que provinha do céu, tornando "o Braga (.,..) um quadro fosco pelos méritos do Vitória. Quanto muito usou o anti-jogo para colmatar a sua inferioridade actual. E, verdade se diga, que abusou até no jogo sujo. De nada lhes valeu porém."

Nessa tarde, para além do hat-trick de Djalma, o bis de Mendes e o golo de Peres serviram para confirmar "a superioridade vimaranense" que "veio ao de cima, como coisa natura, própria, imutável." O Vitória iria virar a primeira volta do campeonato no segundo posto.

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