Estávamos na temporada de 1972/73.
A temporada decorrera sob o signo do equilíbrio, com o Vitória a ser capaz de triunfar nas Antas, numa das mais belas exibições da época, ou a golear o Boavista por quatro bolas sem resposta, numa caminhada tranquila que, ainda assim, fez os Conquistadores virarem para a segunda volta do campeonato no quinto posto.
Contudo, a segunda volta seria incomparavelmente pior. Na verdade, para além de uma série de seis jogos sem triunfar, os Conquistadores sofreriam um atroz pesadelo no estádio da Luz, que jamais deverá ser repetido.
Assim, a alinhar com Rodrigues; Costeado, Manafá, José Carlos, Osvaldinho; Ernesto, Custódio Pinto, Silva; Romeu, Tito e Ibraim, segundo o Comércio de Guimarães de 19 de Maio de 1973, "nos primeiros minutos, os vimaranenses ainda deram a impressão que eram capazes de oferecer réplica aos lisboetas, jogando coesos e com sentido ofensivo."
Porém, o primeiro golo encarnado obtido por Humberto Coelho fez desmoronar a estratégia dos Conquistadores como se de um baralho de cartas se tratasse. Assim, "perturbados, no meio duma desorientação geral, os vimaranenses permitiram fáceis incursões dos adversários e os golos surgiram como cerejas..."
A comprovar isso, ao intervalo já o Vitória perdia por seis bolas sem resposta, em 45 minutos de pesadelo e em que Eusébio já fizera um hat-trick. Na segunda parte, mais dois tentos, sendo um deles um autogolo de Costeado, selaram um duro resultado "e mais não apareceram porque Rodrigues foi mais seguro no meio de uma defesa frágil em demasia, vulnerável em todos os pontos."
Os aterradores oito a zero finais afirmavam que o "Vitória tinha a obrigação lógica e indiscutível de salvaguardar o seu prestígio. Sucumbir desta forma não estaria na ideia de ninguém, embora convenhamos que o sector defensivo se encontra inferiorizado com a ausência de Pinto."
Seria, contudo, a última derrota que o Vitória sofreria no campeonato, para carimbar mais um sexto posto (o tradicional na década de 70)... contudo, com um pesadelo pelo meio que era desnecessário ter sofrido!