Estávamos em 1924...
Do jornal Ecos de Guimarães datado de 29 de Junho desse ano, provinha a novidade: "Atlético Sport Club - é este o título dum novo club, em organisação na nossa cidade. Os seus organisadores, amimados do mais alto espírito sportivo, pretendem constituir um grupo onde todos os ramos do sport tenham a sua prática."
Era a febre da constituição dos clubes, sendo que depois do Vitória, dois anos antes, ter dado os seus primeiros passos, surgia um novo emblema.
Entretanto, no Vitória procurava-se encontrar uma nova direcção que sucedesse à que se houvera demitido e que era liderada por António Macedo Guimarães, o que fazia que a 17 de Julho desse ano, no jornal Gil Vicente surgisse um aviso convocatório para a eleição da sua direcção. A assembleia electiva, contudo, só seria realizada em Setembro desse ano, com duas listas a apresentarem-se a sufrágio: a encabeçada por Luís Filipe Coelho e a liderada por Luís Gonzaga Leite, naquele que terá sido o primeiro acto eleitoral do emblema vitoriano e que merecerá melhor análise.
Assim, na aludida assembleia electiva, antes de serem eleitos os novos órgãos directivos, como refere o jornal A Razão de 28 de Setembro de 1924, "... usou da palavra, o snr. Luís Filipe Coelho, que, explicando as razões porque a Direcção se havia demitido, mostrou a necessidade de, escrupulosamente, se fazer a escolha de pessoas que pudessem dar ao Club aquele progresso a que ele tem direito, pedindo licença para indicar os nomes dos membros da Direcção que a Assembleia devia escolher e os quais poderiam, melhor do que ninguém, arcar conscientemente com as responsabilidades a tomar e fazer do Vitória Sport Club um club comme il faut."
Posteriormente, foi apresentada outra lista por Luís Gonzaga Leite, o que conduziu a que "feita por aclamação e depois por escrutínio secreto, venceu a chapa apresentada pelo snr. Luís Filipe e que era assim constituída: Presidente - Afonso da Costa Guimarães; Vice-Presidente - Tenente Carlos Coelho; 1º Secretário - Luís Filipe Coelho; 2º Dito - Amadeu Carvalho; Tesoureiro - Domingos André de Magalhães; Vogais - António da Costa Guimarães e António Macedo Guimarães." Realce para a presença de António Macedo Guimarães na direcção, ainda que num cargo de menor relevância.
Passada uma semana, a direcção eleita, como tantas vezes tem sucedido na história do clube, quase sem ter tempo para respirar, deparou-se com um enorme desafio. Bastará recorrer ao Ecos de Guimarães do sobredito ano para se perceber da dimensão do desafio. Transcrevamos o teor das preocupações: "Guimarães está outra vez sem campo de jogos. As razões porque o seu proprietário se viu forçado a demolir as bancadas e a vedação são algo complicadas e portanto não queremos entrar em detalhes... Confiemos nas direcções dos nossos Clubs, a tenacidade e experiência do Victória Sport Club e a boa vontade do Atlético Sport Club, que, estamos crentes, alguma coisa hão-de fazer.
Ajudemo-los todos que o Sport já hoje em Guimarães não morre."
Não morreria, com o surgimento do Campo da Perdiz, que como escreveu o Professor Amaro das Neves, no seu extraordinário blog "Memórias de Araduca, "A direcção, então presidida por Afonso da Costa Guimarães, designou uma comissão, composta pelos militares Carlos Coelho, Heitor de Almeida e José Campos, que por largos dias percorreram os terrenos em volta da cidade, em busca de um espaço adequado para a instalação de um campo de futebol. Encontrada a solução e fechado o contrato de arrendamento do terreno, começaram as obras, que teriam sido de maior monta do que o inicialmente previsto, uma vez que a inauguração, que esteve agendada para o dia 24 de Maio, só aconteceria duas semanas depois, a 7 de Junho de 1925."
Porém, com tantas dificuldades, os clubes teriam de se entender, avançando para uma fusão... mas isso será outra história!