COMO RUI LOPES, EM QUEM O VITÓRIA DEPOSITAVA GRANDES ESPERANÇAS, ABANDONOU O CLUBE PERANTE A INDIGNAÇÃO VITORIANA...

Rui Lopes foi uma das grandes esperanças vitorianas na década de 70.

Contratado na ressaca daquela temporada de 1974/75, em que António Garrido no, então, Municipal negou os sonhos do regresso europeu, chegou a Guimarães para suprir a venda do ídolo Jeremias pelo qual o Espanyol de Barcelona se perdera de amores.

Proveniente do Olhanense, depois de ter cumprido a formação no Benfica, rapidamente afirmou-se como titular na equipa de Fernando Caiado, formando uma tríade ofensiva de relevo com Romeu e Tito. Uma tríade capaz de levar o Vitória à fina da Taça de Portugal, onde a figura principal destas linhas marcou o golo de honra Conquistador, que, mais uma vez, nada pôde fazer perante as maquiavélicas intenções de um homem que decidira apitar aquele jogo para surripiar um primeiro grande título à história vitoriana. Um verdadeiro talento que, como o jornal do Vitória de Setembro de 1977, escrevia "todos se lembram (...) das demarcações incríveis, dos dribles desconcertantes, das suas jogadas sua-generis que o fizeram creditar-se como um ponta de lança difícil de travar e consequente chamada à selecção (aqui pese embora o seu valor e mesmo sem a lesão que nessa altura o afectou, já se sabia que não ia longe pois era do VITÓRIA)."

Rui continuaria em Guimarães mais uma temporada. Fruto de uma arreliadora lesão pouco jogaria na temporada seguinte, ainda que "não o desamparou o nosso clube, que cumpriu financeiramente à risca o seu contrato e não se cansou de todas as tentativa para restabelecer a sua saúde física, que a certa altura pareceu mesmo perigar num impedimento definitivo para a prática futebolística".

Depois de tudo feito, findava o contrato do jogador no final da temporada de 1976/77. Com Rui Lopes, ainda, em convalescença, "propôs-lhe o Vitória a RENOVAÇÃO."

Seria refutada com o argumento que ainda era cedo para se falar nisso, mas era certo que a direcção vitoriana pretendia continuar a contar com "o menino querido da massa associativa e ela é quem manda neste Clube."

Tal levou a que o Vitória insistisse na renovação do vínculo contratual de Rui Lopes. "Alguns contactos e Rui muito cioso do seu real valor puxava a brasa para a sua sardinha. (..) O Vitória propôs e Rui contrapôs com números fora do habitual para o nosso Clube e o sim, não obstante, lhe foi dado."

Tudo parecia resolvido, até que uma terceira figura interferiu nas negociações. "Seu Pai meteu-se de permeio (...) e obstáculos irremovíveis surgiram, inclusive a palavra dada, foi desonrada e Rui Lopes embarcou no caminho que seu pai lhe apontou - Benfica - desvinculando-se do compromisso, enfim pagando com ingratidão e falsidade a quem merecia no mínimo uma retribuição moral".

Perdia, deste modo, o Vitória um jogador que reputava de determinante e em quem sempre acreditou. Rui, contudo, não se afirmaria no clube encarnado onde só esteve duas temporadas. Terminaria a sua carreira de profissional em 1990/91, ao serviço do Beneditense, sentindo ter passado ao largo do êxito...

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