terça-feira, 1 de outubro de 2024

COMO PIMENTA, NA HORA DA GLÓRIA, RASGOU UM EXEMPLAR DO JORNAL A BOLA, POR SENTIR-SE INDIGNADO PELO TRATAMENTO DADO A SI, MAS TAMBÉM AO VITÓRIA E AOS VITORIANOS!

 


O ano de 1988 trouxe consigo um acto eleitoral no Vitória. Apesar de António Pimenta Machado estar a viver um verdadeiro estado de graça, de modo algo surpreendente, teve oposição na pessoa de Eduardo Fernandes.
Tal desencadearia um embate que causaria muita curiosidade e o acompanhamento do combate com redobrado interesse por parte da comunicação social nacional. Pimenta era uma figura mediática, no ano anterior conduzira o Vitória aos quartos de final da Taça UEFA e à luta quase até ao fim da prova pelo campeonato nacional.
Talvez, até por ser uma voz incómoda no "status quo instalado", como sempre gostou de dizer, terá achado que, como escreveu o jornal do Vitória de 05 de Fevereiro de 1988, já depois de ter ganho tranquilamente o acto eleitoral, que "certos sectores da comunicação social não foram isentos no tratamento das duas candidaturas..." Na verdade, era alegado que a RTP só ouvira a candidatura opositora, bem como "jornais houve que diminuíram a candidatura de Pimenta Machado através da inclusão de peças de duvidosa actualidade e de inegável mentira."
Deste modo, acusava-se a RTP, através do seu programa desportivo Remate, ter um posicionamento anti-Pimenta. O libelo acusatório quanto ao jornal Record atinha-se ao facto de, apesar ter entrevistado os dois candidatos, as palavras do líder vigente terem sido publicadas ao Domingo...quando se liam poucos jornais pelo facto dos quiosques estarem fechados e sem qualquer menção na primeira página, ao contrário do outro candidato. Por fim, A Bola era acusada de "dar a conhecer as duas candidaturas e depois engendrou um processo de através dos tempos começar a influenciar a opinião pública." Neste trabalho destacava-se um jornalista de nome Manuel António "useiro e vezeiro em vomitar o seu ódio contra Pimenta Machado, vem tornar públicos os segredos que os Deuses queriam ocultar num trabalho jornalístico de qualidade duvidosa, que roça o propósito desmedido de pretender mesmo achincalhar esta cidade de Guimarães e o seu glorioso clube." Tal devia-se a uma entrevista com o árbitro Vítor Correia, que tivera problemas em Guimarães, num célebre jogo contra o Boavista, procurando construir uma história alternativa no caso, com os vitorianos a perseguirem o juiz até Vila Nova de Gaia. Por isso, concluía-se que "estes lisboetas têm o rei na barriga e depois queixam-se que não entram no Estádio Municipal de Guimarães. Queixem-se à polícia!"
Aliás este jornal causaria tanto incómodo a Pimenta, que na hora da vitória, depois de ter sido reeleito com 70% dos votos, no seu discurso do triunfo, em pleno estádio, após ter dito que "vamos pacificar as gentes de Guimarães para todos juntos lutarmos contra os inimigos do Vitória, entre os quais está o jornal A Bola." Nesse momento, para surpresa de todos os presentes, "rasgou em público um exemplar daquele jornal cuja posição editorial em relação ao Vitória e ao Presidente da Direcção não tem sido a mais correcta."
 
 

Tal significava a certeza de umas difíceis relações que haveria de durar quase seis meses e que teriam apaziguamento em Julho desse ano, quando o director do jornal, Vítor Santos, deslocou-se a Guimarães para fumar o cachimbo da paz com o presidente do Vitória. "O reatamento das relações entre aquele jornal e a Direcção do Vitória teve lugar no Restaurante Baptista e ao acto estiveram presentes o Vice-Presidente da FPF Fernando Roriz e Gil Mesquita Presidente da AF Braga."
Era o início, esperava-se, de uma nova era... ainda que, até hoje, o Vitória tenha muitas razões de queixa da imprensa escrita, principalmente, lisboeta!

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