COMO PARTIU OLIVEIRA, DEIXANDO COM JOSÉ ALBERTO TORRES E PINA DE MORAIS O ENCARGO SOFRIDO DE SALVAR OS CONQUISTADORES DA DESCIDA


Aquela temporada de 1987/88 estava a ser um fracasso!

Um malogro longe da exaltação da época anterior em que se acreditou ser possível atingir-se o topo do futebol português. A aposta em René Simões houvera sido um rotundo erro, que cujo substituto, António Oliveira, foi incapaz de remediar.

Com efeito, após a derrota caseira perante o Portimonense, num jogo disputado em Braga, por causa do castigo aplicado ao Vitória pelos acontecimentos ocorridos na partida frente ao Boavista, nova chicotada psicológica teve de ser aplicada. Na verdade, com os Conquistadores no décimo posto da tabela e, apenas, com três pontos de avanço relativamente aos lugares de despromoção urgia tentar mudar.

Com efeito, Oliveira perdera o balneário, já que numa anterior derrota frente ao Vitória FC, em tom alto, à saída para as cabines, criticara os seus jogadores por preocuparem-se com tudo menos com o clube. Segundo ele, "uns preocupados com os clubes que estão interessados neles, outros com os trabalhos das selecções do seu país..." tudo levava a que o apuramento europeu fosse uma miragem. Pior do que isso, segundo o Notícias de Guimarães ", o ambiente entre o elenco vitoriano era o pior possível. Desde o porteiro ao médico, todos (ou quase todos) estavam de relações tensas com o treinador António Oliveira."

 

Mas havia mais: "Os adeptos do Vitoria acusam-no de mexer demais na equipa e de jogo para jogo alterar a táctica, jogando com muitos defesas contra adversários mais frágeis e o contrário contra equipas mais fortes. Já ouvi um responsável chamar-lhe demasiado brincalhão." Além disso, acusavam-no de ter tirado a tranquilidade aos jogadores. "De facto, quando Nascimento estava em boa forma (era titular da equipa das Quinas) foi várias vezes substituído ao fim de 20 minutos de jogo e em Coimbra fomos testemunhas do seu desencanto. Jesus sem qualquer motivo aparente (também ele titular indiscutível da selecção nacional) perdeu a titularidade do Vitória. Um e outro pedras importantes no Vitória entraram em desmoralização que também aconteceu com outros jogadores. Miguel é bem o exemplo do jogador afectado psicologicamente, segundo nos contam, por ter sido atingido, segundo nos contam, por comentários violentos do seu ex treinador."

A confirmar esse estado titubeante de preparar os jogos, José Pinto, na altura jornalista do Notícias de Guimarães, escrevia que "acompanhamos de perto a carreira da equipa e inclusive algumas deslocações foram feitas junta da equipa e, por exemplo, em Ostrava quando na véspera do jogo, alta madrugada, no hall e no elevador do hotel, ele me explicava a formação e a táctica a utilizar, duvidei e pensei que ele tinha medo que fosse contar aos checos, ou então seria do sono e por isso não estaria a perceber muito bem. Quando no dia seguinte no rectângulo vejo tudo igual ao que me tinha contado..."

Assim, naquele jogo com o Portimonense, o desenlace esperado ocorreu. Verdade se diga para a derrota muito contribuíram (novamente) as estranhas opções do treinador, que segundo o Povo de Guimarães, "continuou a fazer experiências (Tozé I na defesa, Basílio a reaparecer no lado esquerdo, N'Kama sozinho no ataque) e voltou a perder. E perdeu, também, quando quis misturar outras combinações. Eu explico: É notório o abaixamento de forma (psicológica e física) de Miguel. Mas Oliveira, numa jogada de tudo ou nada, deixou Miguel sozinho no segundo tempo, pois ninguém recuou para o lugar do substituído Tozé I. E depois aconteceu o golo. E depois veio o pontapé para a frente. E depois veio o futebol jogado com o coração...e a derrota frente a um aflito Portimonense".

Por essas razões, partia o técnico, sendo substituído por dois homens da casa. Assim, a comandar a equipa nas catorze derradeiras jornadas de um campeonato sob a forma de maratona com 38 etapas estariam o Prof. Pina de Morais e José Alberto Torres, com a missão de melhorar o percurso até aí realizado. Não o conseguiriam, apenas vencendo três dos catorze desafios remanescentes, somando, por isso, apenas 10 pontos, numa média pontual de 0,71 pontos por jogo, conquistando a salvação por ter uma diferença de quatro golos positivos em relação ao Elvas, que, também, terminou o campeonato com os mesmos 33 pontos. Muito menos do que os 8 em 7 jogos feitos por René Simões e que corresponderam a uma média de 1,14 pontos por jogo e de Oliveira com 15 em 17 partidas, correspondentes a 0,88 pontos por contenda. Salvou-se, contudo, o apuramento para a final da Taça de Portugal, perdida frente ao FC Porto, também campeão nacional e, por isso, conducente a novo apuramento europeu! Do mal o menos...

Postagem Anterior Próxima Postagem