Silvino foi dos guarda-redes marcantes da década de 80 do século passado do futebol português.
Formado no homónimo vitoriano do Sado, o guardião haveria de chegar a Guimarães, por escolha de Manuel José para substituir Vítor Damas e para estrear-se, logo, com um triunfo no derby do Minho no início da temporada de 1982/83.
Era o início de um período em que o guardião brilharia a grande altura, a ponto de obter as suas duas primeiras internacionalizações AA pela selecção portuguesa, enquanto jogador do Vitória. Aliás, foi o primeiro guardião do clube a defender a baliza do conjunto das Quinas, num rol do qual, também, fazem parte Jesus, Neno e Pedro Espinha. Essa estreia sucederia a 13 de Abril de 1983, frente à Hungria numa partida que terminaria empatada a zero e na qual o guardião substituiu o quase inamovível Manuel Bento.
Silvino seria, ainda, o guardião do regresso europeu do Vitória. Naquela eliminatória frente ao Aston Villa, depois de 13 anos de jejum, seria ele a tentar parar as investidas dos homens de Birmingham. Ficaria para a história o triunfo por uma bola a zero na primeira mão em Guimarães, graças ao tento de Gregório Freixo, ainda que no Villa Park o guarda-redes e demais equipa vivessem um dia de pesadelo....
Durante esses dois anos partilharia as redes com Jesus que, após a sua partida, tornou-se dono e senhor das redes vitorianas. Foram 56 partidas de Rei ao peito antes de partir para o Benfica, com uma justificação quase que "esfarrapada" para anunciar o seu adeus. Na verdade, segundo Silvino a sua mulher, de então, era incapaz de se adaptar a cidades pequenas, pelo que não conseguia ser feliz em Guimarães, o que o obrigava a rumar a Lisboa.
Porém, no Benfica, depois de um ano sem jogar, tapado pela imensa sombra de Bento, esqueceria os pruridos das localidades de pequena dimensão. Assim, aceitaria ser cedido a título de empréstimo ao Desportivo das Aves, onde assumiria a titularidade das redes do clube no seu ano de estreia na primeira divisão. Seria nesse ano que o golo de Paulinho Cascavel significaria a obtenção de três pontos para os comandados de António Morais que, com esse resultado, subia à liderança da tabela classificativa.
Porém, quase tão saborosos como os dois pontos conquistados, os momentos em que a multidão vitoriana presente no estádio e que na sua grande maioria viajou de comboio até à localidade situada entre Guimarães e Santo Tirso, procurou desestabilizar o guarda-redes... lembrando-o que fugira de Guimarães por ser, alegadamente, uma cidade pequena, para acabar a defender as malhas do Desportivo das Aves, e, aí pouco importando, o tamanho da urbe!