COMO O VITÓRIA REGRESSOU AO HÓQUEI, PARA, QUASE LOGO DE SEGUIDA, ENTENDER QUE A MODALIDADE JÁ NÃO TINHA FUTURO NO CLUBE, ABANDONANDO-A DEFINITIVAMENTE!

Ao contrário do que as narrações populares foram difundindo, o imbróglio que se desenvolveu no jogo com a Sanjoanense não significou, de modo automático, o final do hóquei em patins no Vitória.

Apesar de abalado pelo sucedido, a inexistência de uma escola de formação capaz de criar novos jogos jogadores, a falta de ajudas para a aquisição dos materiais necessários à prática da modalidade, o feitio difícil do treinador-jogador da equipa, fez com que a modalidade fosse começando a sentir dificuldades, reforçadas pelo caso já aqui citado.

Porém, apesar desse abalo, o ano de 1958 trouxe para discussão a necessidade da modalidade voltar a ser praticada até por uma questão monetária, pois, como escreveu Fernando Roriz no Notícias de Guimarães de 06 de Julho de 1958, "Os sócios do nosso Clube mais representativo precisam encontrar em alguma actividade o motivo que os leve, simultaneamente, a ter sempre presente o nome do Vitória e a cumprir as suas obrigações estatutárias - facto bem importante. Além disso, "Guimarães também merece que o seu nome, através do desporto, não seja evidenciado durante nove meses, mas sim os 12... Ora, nos últimos anos, uma actividade existiu, felizmente, que satisfez essa exigência: o Hóquei em Patins."

Porém, "bastou uma sanção federativa que pode ter sido dura, mas que nos consideramos a recusar tão forte como o brio vimaranense, para ter feito perigar, assustadoramente, todo o trabalho realizado. (...) Impõe-se uma reacção imediata. (...) É hora de reagir, com firmeza de ânimo que é apanágio dos Vimaranenses. (...) O Rink da Amorosa não continuar triste e apagado, como até aqui. As suas sombras reclamam a luz da competição e o calor dos aplausos a que as habituamos."

Assim, uma semana depois, o mesmo periódico escrevia que "Tudo leva a crer que se confirme a notícia (...) de que vai ressurgir o hóquei patinado vimaranense.." Deste modo, no fim desse mês de Julho, segundo o semanário católico e regionalista de Guimarães, O Conquistador, "... quando desalmadamente, se esperava ver ausente o Vitória, falta que seria duplamente lamentável porque o clube vimaranense é o campeão e porque o torneio se ressentiria se não pudesse contar com o grande interesse que os vimaranenses sempre dispensam à modalidade, surgiu uma equipa, um grupo de ocasião, mas bastam para evidenciar querer é poder."

Porém, tudo seria diferente para pior, com as partidas de elementos da equipa como o jogador-treinador Cunha Gonçalves ou de António Xavier que resolveu findar a carreira. Além disso, os elementos que permaneceram não possuíam disponibilidade absoluta, obrigando a uma sobrecarga dos que compareciam. A título de exemplo, no jogo que a fotografia que colocamos a ilustrar este texto retrata o Vitória só contou com quatro jogadores.

Acresce, ainda, que o aspecto legislativo ajudaria a tornar o cenário ainda mais melindroso. Na verdade uma lei que obrigava a que qualquer desportista tivesse, pelo menos, a quarta classe como grau de escolaridade deixou de fora mais dois atletas da equipa: os irmãos Antunes (Lino e António) que eram filhos do Bombeiro 18, o guarda do campo.

Com tantas contrariedades, o Vitória acabou por desistir do campeonato... o hóquei acabava para jamais voltar a ser praticado por atletas com o Rei ao peito!

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