COMO O TREINADOR QUE FEZ O VITÓRIA REGRESSAR AO PRIMEIRO ESCALÃO, DEIXOU SAUDADES PELO SEU ÊXITO E PELO SEU MODO CAVALHEIRESCO DE DIZER ADEUS (POR DUAS VEZES)...

Os treinadores, em Guimarães, quando se comprometem com a causa vitoriana, conseguindo levar o clube ao êxito, serão sempre recordados. Alguns, até numa manifestação de sebastianismo, ainda que por vezes sem êxito, regressaram pelas saudades que deixaram e pelas portas que fizeram questão em que permanecessem abertas.

Um desses casos terá sido o de Fernando Vaz. Escolhido na temporada de 1955/56 para tentar resgatar o clube do Rei da segunda divisão não o conseguiria. Por isso, abandonou o clube, mas de uma forma cheia de classe. Bastará citar o Notícias de Guimarães da época que escreveu que "Este competente técnico pediu-nos para, por intermédio desta secção desportiva, apresentarmos a todos os associados do Vitória os seus comprimentos de despedida e os seus sinceros agradecimentos por todas as amabilidades tidas para com ele durante a sua estadia na nossa Terra."

Também, por isso, deixou saudades. E quando o argentino Óscar Tellechea na temporada seguinte foi incapaz de levar a missão a bom porto, os responsáveis vitorianos não hesitaram. Fariam regressar Vaz que deixara saudades pelo modo como trabalhava e pela classe que demonstrava, que ser treinador do Vitória é algo mais que dar ordens aos jogadores.

Nesse ano, conseguiria cumprir a sua missão. Ficaria para a história como o treinador que promoveu o regresso do Rei, num patamar que só o, também, inesquecível Manuel Cajuda, promoveu. Tal como Cajuda soube falar a linguagem dos vitorianos e manter aquela chama de respeito que distingue os inesquecíveis dos demais. Assim, no final daquela partida frente ao Salgueiros, em que o Vitória ficou com a certeza que regressaria ao principal escalão, anunciou o seu adeus ao clube. Para sempre!

A motivar tal decisão não estava qualquer canto da sereia de um clube mais endinheirado ou detentor de um desafio tido como mais aliciante. Como escreveu José Abílio Gouveia no Notícias de Guimarães de 22 de Junho de 1958 "não houve argumentos que o convencessem; amizades que o demovessem; interesses materiais que o fizessem desistir! Para além de tudo isso, estava a sua palavra de honra e, com ela, a sua dignidade de homem que respeita os seus compromissos."

Assim sendo, "sentimos sinceramente a sua resolução... o que lamentamos constatar é que, dificilmente, conseguirá o Vitória um técnico que esteja na mesma posição de ascendência moral, em que Fernando Vaz estava perante os seus pupilos." Na verdade, "o seu perfeito conhecimento dos atletas e dos seus problemas psico-fisiológicos davam-lhe uma situação orientadora e disciplinadora que somente a observação de um longo trabalho, pode conseguir."

Concluía-se, por isso, que "a par das suas qualidades de trabalhador honesta e competente", tinha trunfos capazes de colocar o Vitória nos trilhos do sucesso. Porém, partiria, e como tantos outros que conheceram o sucesso no Vitória, deixou saudades...

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