Aquele ano de 1942 foi inesquecível...
Na verdade, tratou-se da estreia do conjunto vitoriano na Primeira Divisão depois do inolvidável desafio no Porto perante o União de Lamas, bem como o ano da primeira presença na final da Taça de Portugal.
Porém, a experiência inicial no principal escalão do futebol português seria difícil. Não obstante o triunfo inicial perante a Olhanense, a verdade é que a equipa vitoriana, com escassa ou quase nenhuma rodagem para enfrentar as equipas mais experientes, sentiria dificuldades... ainda assim, conseguiria resultados de monta como o triunfo em casa do Belenenses por uma bola a zero ou os cinco triunfos no Benlhevai que garantiram que a equipa de Alberto Augusto não findasse o seu primeiro campeonato entre os mais fortes no último lugar.
Porém, para tal suceder, revelou-se decisivo o último jogo perante a Académica de Coimbra, no dia 14 de Junho de 1942. Nesse dia, com a equipa a entrar em campo com Machado; Lino, João; Castelo, Zeferino, José Maria; Laureta, Miguel, Ferraz, Alexandre e Arlindo, uma convidada surpresa terá estragado aquele que se esperava que fosse um desafio destinado a encher o Benlhevai. Com efeito, como escreveu o Notícias de Guimarães, datado de 21 de Junho de 1942, "a chuva que durante toda a manhã e parte da tarde caiu abundantemente, afastou a assistência com que se contava para presenciar o encontro”. Ainda assim, "muitas foram as pessoas que emolduraram o rectângulo e que não deram o tempo por mal empregado."
Na verdade, a partida seria emocionante, imprópria para cardíacos e com o Vitória a estar por bastante tempo em desvantagem. Assim, começou por sofrer o golo inaugural logo aos quatro minutos, para aos 14 "Ferraz, depois de uma insistência de Laureta" fazer o empate. A segunda metade seria, ainda, mais emocionante, com os Estudantes a colocarem-se em vantagem logo no início desta etapa, mas "Miguel, um minuto depois, pôs de novo os grupos empatados, com um goal de boa marca."
Porém, tal não cercearia os ímpetos da equipa que se haveria de qualificar no quinto posto da tabela que, ainda, faria o terceiro golo. Contudo, o último quarto de hora da partida, iria desencadear a festa vitoriana. "Zeferino, apesar da barreira formada pelos estudantes, com um potente pontapé livre, pôs o marcador em 3-3. Ainda não tinham cessado os aplausos e já Ferraz, finalizando um ataque em massa dos dianteiros locais, obteve o tento do triunfo do seu grupo - 4-3."
O Vitória alcançava um belo triunfo, fugia ao último lugar da tabela (algo que segundo as regras de então não significava despromoção, pois os apuramentos para o Campeonato Nacional eram alcançados pelos respectivos distritais), sendo que não houvera sido possível alcançar melhor pela "infelicidade que o perseguiu em alguns momentos" que fez com que caísse para uma posição inferior ao que se desejava. Mas, mesmo assim, reconhecia-se que "temos de ter em conta que foi a primeira vez que o grupo entrou em prova de tal envergadura e que apenas treze homens suportaram toda a sua rudeza." Acabava, assim, a primeira experiência no campeonato principal do futebol português!