sábado, 5 de outubro de 2024

COMO O VITÓRIA NAQUELE INÍCIO DE CAMPEONATO, FRENTE AO FAMALICÃO, CONSEGUIU UMA DAS MAIORES VITÓRIAS DA HISTÓRIA...

No início do campeonato distrital da temporada 1936/37, o objectivo passava por recuperar o título distrital que, depois de ter sido conquistado em 1934, houvera escapado nos dois anos subsequentes.

Assim, os comandados de Alberto Augusto, a alinharem com Ricoca; Alberto Augusto, João; José Maria, Zeferino, Lima; Laureta, Pantaleão, Clemente, Virgílio e Bravo, para darem asas ao sonho, deveriam encetar essa caminhada frente ao Famalicão.

A resistência famalicense, essa, desvanecer-se-ia rapidamente graças a uma grande penalidade apontada por Clemente, a beneficiar de uma mão de um jogador adversário dentro da área.

A partir daí, o massacre seria absoluto, que levou o Notícias de Guimarães de 25 de Outubro de 1936 a considerar que existiu "um assédio constante às redes de Famalicão", que levou a que os golos se sucedessem. Por essa razão, ao intervalo os cinco golos apontados demonstravam a superioridade vitoriana que haveria de ter continuidade na segunda metade da partida.

Assim, seriam sete os golos apontados na etapa complementar, sendo a dúzia de tentos encerrada com uma realização de Pantaleão. Apesar do extraordinário festim de golos, a verdade é que o cronista do jornal consultado considerava que "apesar do resultado atingido pelos locais, somos em confessar que assistimos a um jogo de pouca mobilidade, embora conduzido de maneira a fazer-se impor aos famalicenses."

Além disso, ainda havia espaço para outro lamento, apesar do resultado. Assim, "ficou internamente provado que um grupo agarrado ao seu terreno pode prejudicar o Association de um bom team e que nem sempre o ataque é a melhor defesa. Não fôra a superior orientação de Alberto Augusto, (...) ordenou o retrogradamento do jogo, o Vitória ver-se-ia impossibilitado de conseguir tão grande triunfo..."

Porém, o jogo pleno de golos mereceu um poema no referido jornal na rubrica Gazetilha escrito por Camara Dão:

"Domingo, dia de sol,

começou o futebol

a ser jôgo oficial,

deu início o campeonato

num jôgo sem desacato,

para entrada não vai mal.

Mas eu quási crer não quero

nas doze bolas a zero

com que o Vitória ganhou,

se não foi por roubalheira,

tudo foi de brincadeira,

Famalicão não jogou.

Se os de lá não eram tortos,

Não eram mais do que mortos

para assim bater se deixar,

doze a zero, não, não se usa

é como a chita da blusa,

isso assim não é jogar.

Isto é dito com critério,

pois se o jogo foi a sério,

fizemos um figurão,

veremos o velho Alberto

ter agora, como certo,

o campeonato na mão.

Era cá, no juízo meu,

creio que Braga tremeu,

mais os seus profissionais,

score assim em campeonato

deixa a gente mudo ou tato,

vê-se uma vez, nunca mais.

Isto tudo mal não vai

enquanto for Benlhevai

como foi no último dia,

da moral não haja baixa

quando se sair da caixa

para não bem vos ia.

Desde já vos recomendo

porque assim creio e entendo,

num dito bem verdadeiro,

na garganta tende mão

pois entradas de leão

dá saídas de sendeiro."

Não o seriam...e o Vitória haveria de recuperar o título distrital duas temporadas


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