COMO O SONHO DESPEDAÇADO DE UM IRMÃO FEZ DE MANUEL PINTO UM DOS MAIORES DEFESAS DA HISTÓRIA DO CLUBE

Estávamos no final da temporada de 1961/62.

Num Vitória depauperado financeiramente, dois jovens haviam garantido a permanência do clube no escalão maior do futebol português, mas, acima de tudo, financeira com a sua venda para o Benfica. Falamos de Augusto Silva e de Pedras, cujas transacções permitiram que o clube ganhasse estabilidade a nível monetário, mas, acima de tudo, garantindo uma espinha dorsal que duraria por toda a década de 60.

Esta passou por Peres, Mendes, Testas, Teodoro e Zeca Santos, mas, também, por Manuel Pinto que, durante 12 anos, haveria de tornar-se numa das maiores referências da história vitoriana, envergando o Rei no peito por 283 vezes.

Pinto chegou ao Vitória com 24 anos e como uma atleta que pouco houvera jogado no Benfica nos anos anteriores, como o próprio reconhece em entrevista ao jornal do Vitória do ano de 2000, ao afirmar que "era um jogador jovem, além de todos os meus colegas dizerem que tinha categoria para jogar na equipa titular do Benfica, eu quis sair, porque nesse ano só tinha jogado nove jogos no campeonato da primeira categoria."

Assim, aborrecido, por não ser opção, olharia seduzido para a proposta do Vitória, para liderar um eixo defensivo que haveria de encontrar, uns anos depois, em Joaquim Jorge o parceiro ideal. Porém, para tal suceder, houve a influência fraterna do irmão mais velho, António, "que jogava no Barreirense, tinha estado a treinar no Vitória durante seis meses e só não ficou cá porque naquela altura as transferências só eram possíveis através de um posto de trabalho na função pública e, como não foi possível arranjá-lo, teve que regressar ao Barreiro."

Porém, não esqueceria Guimarães e as cores do Vitória. Assim, "depois de eu me ter aconselhado com o meu irmão e ele ter-me dado informações maravilhosas desta terra, disse-me mesmo: "vai para Guimarães, não hesites". Assim fiz e hoje não me arrependo, antes pelo contrário..." E assim entraria na centenária história do clube como um dos seus melhores defesas centrais...graças ao irmão que não pôde cumprir o seu sonho de jogar com a "Branquinha."

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