COMO JAIME PACHECO AFAGOU A DESILUSÃO DE CAPUCHO EM NÃO TER UM PORSCHE E UM CASARÃO, LEVANDO-O AO TOPO...

Capucho fora das grandes apostas do Vitória naquela temporada de 1995/96.

Integrado no negócio que levou os "Pedros" para Alvalade, chegou a Guimarães com vontade de resgatar uma carreira que começara a descolar aquando da conquista do Campeonato Mundial de sub-20 em Lisboa, mas que se temia que nunca chegasse a certeza efectiva. Fosse por ser acusado de ser um bon-vivant, fosse por ser acusado de excesso de vaidade, fosse por dizerem-lhe que se preocupava mais com o parecer do que com o ser, ou fosse simplesmente pela difícil transição da pacata Barcelos para a buliçosa capital, a verdade é que de leão ao peito limitou-se a alguns fogachos demasiado parcos para o seu talento.

Por isso, terá encarado o Vitória como a aposta definitiva para relançar a carreira que se lhe antevia quando assinou pelo Sporting. Não seria fácil, contudo. Nos seus primeiros tempos em Guimarães, com Vítor Oliveira, terá sofrido da incompreensão do seu treinador, com uma filosofia demasiado rígida e tacticista, mas também dos adeptos. Aquele golo, completamente isolado, que falhou em Camp Nou poderia ter aberto lugar a uma das mais belas histórias vitorianas, mas ao invés entrou na memória por uma das perdidas mais escandalosas da história do clube.

Seria, contudo, Jaime Pacheco, contratado para substituir Vítor Oliveira, a resgatar o seu talento. A torná-lo parte integrante de uma ala direita demolidora, que conjuntamente com o lateral José Carlos e o interior direito Vítor Paneira atormentaram e atazanaram completamente atarantados defesas, incapazes de se entenderem com as demarcações, sobreposições e combinações de três jogadores fantásticos que, segundo Pacheco, formavam a melhor tríade do futebol europeu.

Por isso, Capucho chegou à selecção nacional. Estrear-se-ia a 21 de Fevereiro de 1996 na Equipa de Todos Nós, num particular contra a Alemanha, no, já desaparecido, Estádio das Antas. Entrado aos 66 minutos da contenda para o lugar de Rui Costa, pouco poderia fazer para impedir a derrota lusitana por duas bolas a uma, de pouco valendo o golo de Folha contra o bis de Andy Moller. Acima de tudo, estava o sonho de participar no Campeonato Europeu de 1996 que não haveria de cumprir, ainda que o seu Verão ficasse marcado por, conjuntamente com o guarda-redes Nuno, integrar a selecção Olímpica que se qualificou no quarto posto dos Jogos Olímpicos de Atalanta.

Porém, mais do que as incidências da partida, para o jogador ressaltou outro facto. Um facto dado a conhecer recentemente pelo seu técnico da altura, Jaime Pacheco, numa entrevista ao Zerozero. E prendendo-se com carros e com as diferenças que o jogador sentia para os seus colegas de selecção na altura.

Deixemos, pois, Pacheco falar: " - O Capucho, que vinha todo desanimado da seleção e dizia que não queria jogar mais. Porquê? ‘Eles aparecem de Mercedes, Ferrari, Porsche e eu vou de Opel Corsa. Eles com brutos casarões e eu a pagar o meu apartamento em Barcelos.’ Dei-lhe moral, ‘continua, tu vais lá chegar’. Ele era humilde, treinava bem."

E, assim seria... durante duas temporadas, o jogador seria uma das estrelas maiores de um Vitória pujante, a bater-se olhos nos olhos contra qualquer adversário e daí partiria rumo ao FC Porto deixando muito dinheiro nos cofres... e podendo comprar os carros e casarões que os seus colegas de selecção já tinham e que ele tanto ambicionava!

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