COMO O "CASO ANTÓNIO DOMINGOS" ABALOU O INÍCIO DA TEMPORADA 1985/86

O excelente arranque de temporada que o Vitória estava a realizar no exercício de 1985/86 ficou abalado por um caso. Um caso que envolveu o presidente da direcção, António Pimenta Machado, e um dos seus presidentes-adjuntos e visto como seu hipotético sucessor, António Domingos.

Tudo começaria com Pimenta a acusar Domingos de ter retirado das verbas do Bingo um cheque de dois mil e duzentos contos para pagar despesas do ciclismo e que seriam destinados ao futebol, o que levou à demissão do acusado.

Este haveria de responder sob a forma de carta aberta no Povo de Guimarães de 04 de Setembro de 1985, em que aludiu às boas prestações que a modalidade de ciclismo, da qual era o principal dinamizador, houvera obtido, e que alimentara-lhe a esperança de conseguir patrocinadores que a ajudassem a ser sustentável, o que, como confessou, não foi possível.

Assim, como admitiu, "para atenuar estes custos (cerca de 2700 contos) e uma vez que o Vitória Sport Clube está sem publicidade nas camisolas do Futebol Sénior, consegui um contrato de 3.500 contos, com a condição de parte da verba ser atribuída ao ciclismo, o que foi categoricamente recusado pelo presidente da Direcção, preferindo, como afirmou, ficar sem publicidade esta época", como haveria de ficar."

Deste modo, concluía que tendo tomado conhecimento que Pimenta iria retirar do Vitória a quantia de 11.000 contos que houvera emprestado ao clube em quatro meses e meio e que iria a breve trecho retirar mais 3.000, “não me achei na obrigação de abonar, estando o Presidente a retirar, e consultando para o efeito, o Presidente Adjunto, Sr. José Manuel Melo, procedemos à retirada de 2.200 contos das receitas do Bingo do V.S.C., receitas essas que são por Lei aplicadas em modalidades amadoras e infra-estruturas do clube."

Concluía dizendo que "muito embora, o Presidente da Direcção tenha afirmado que o problema de dinheiros é dele, e a responsabilidade é só dele, eu na qualidade de Presidente Adjunto tenho uma palavra a dizer, pelo menos, nos dinheiros que dizem respeito ao meu pelouro."

O Vitória haveria de responder a esta missiva, a "lamentar e condenar a forma capciosa como o jornal Povo de Guimarães veiculou a notícia realçando o que dentro de uma boa gestão é perfeitamente normal, legítimo e minimizando a gravidade de todo este imbróglio, isto é o crime consubstanciado no desvio de 2.200 contos levado a efeito pelo autor da carta aberta."

Passava, depois a explicar que "foi efectivamente recusado pela Direcção, não por querer desperdiçar dinheiro, mas sim porque o ex-dirigente colocou uma condição para a realização do aludido contrato publicitário, o de lhe ser permitido proceder à cobrança das despesas tido com o ciclismo, segundo ele na faixa dos 2000 contos."

Assim, era anunciado que se deveria "accionar criminalmente o citado ex-dirigente pelo foto de 2.200 contos. Rejeitar a forma dolosa , miserável, como, na ânsia de encontrar protecção para o seu crime, pretendeu o ex-dirigente envolver ma sua tramóia a pessoa honrada, séria e respeitada do nosso colega e Presidente-Adjunto Administrativo, oriundo de uma família que em virtude dos valores morais defendidos, granjeou a maior consideração sendo, por isso, um dos agregados tradicionais da nossa cidade. Manifestar total solidariedade e reiterar toda a competência ao nosso colega Sr. José Manuel de Melo."

A polémica tinha sido árdua, sendo que António Domingos haveria de surgir na lista oponente a Pimenta em 1988, como vice-presidente... ainda que sem conhecer o êxito!

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