COMO O ANÚNCIO DE UMA ENTREVISTA DEIXOU O VITÓRIA, PARA DEPOIS SE PERCEBER QUE A MONTANHA PARIRA UM RATO!

O argentino José Valle ficou com o seu nome ligado ao Vitória por ter conquistado o quarto lugar na temporada de 1963/64, tratando-se da segunda vez na sua história que a equipa vitoriana conseguiu tal feito.

Porém, como tantas vezes tem sucedido na história do clube, a época seguinte e com a mesma base não haveria de correr de igual forma. Os Conquistadores acabariam no sétimo posto final e o treinador, que houvera sido recrutado ao Atlético, para reconstruir a equipa vitoriana com os jogadores provenientes do Benfica como consequência do negócio de Augusto Silva e Pedras, iria abandonar o clube. Para o seu lugar, haveria de chegar o francês Jean Luciano que haveria, de imediato, conquistar um novo quarto posto... nas asas de um extraordinário, inesquecível e rebelde Djalma.

Contudo, no momento da partida, Valle causou o alvoroço na cidade, graças a uma entrevista anunciada pelo Jornal A Bola em que se publicitou que iria colocar tudo em "pratos limpos", ou seja ajustar as contas que tinha pendentes para com o clube, e especialmente com os homens que tinham sido os seus jogadores, ainda que, no final, "a especulação foi do Jornal que registou as suas afirmações, não estando nos desígnios do treinador qualquer revindicta conta quem sempre o tratou de maneira concerne."

No fundo, depois de analisada, reter-se-ia uma frase a fazer reflectir que dizia que "tive de deixar Guimarães, pois fizeram-me a vida negra nos últimos tempos com sucessivos actos de insubordinação ostensiva, que, eu, de modo algum, poderia tolerar..." Uma afirmação polémica e que poderia fazer correr muita tinta, ainda para mais depois do treinador concluir que "já recebi convites do Varzim e Atlético. o Clube poveiro apresentou-me mesmo uma proposta tentadora - oitenta contos de luvas e sete de ordenado mensal - mas como na altura ainda não tinha esclarecido a minha posição perante o Vitória não pude aceitar."

E aqui residia o verdadeiro busílis da questão para o cronista do Notícias de Guimarães de 20 de Junho de 1965, pois, apesar de a proposta poveira ser melhor do que a do Vitória, caso "tivesse o Vitória lhe acenado com condições de tal nível e veríamos como ele teria permanecido. Os jogadores acusados de diabos voltariam a ser anjos." Assim, partiria e, não para a Póvoa... mas rumo ao eterno rival. Coisas do futebol!

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