COMO MILHARES DE VITORIANOS VIAJARAM ATÉ COIMBRA EM BUSCA DE UMA CLASSIFICAÇÃO HISTÓRICA, MAS CUJA TEMPORADA TEVE AÍ A SUA DERRADEIRA ALEGRIA

Aquela temporada de 1964/65 estava aquém do esperado...

Com efeito, depois do belo quarto posto obtido na época antecedente, os comandados pelo argentino José Valle foram incapazes de repetir semelhante feito, ainda que até bem perto do final do campeonato andassem na luta pelo terceiro posto, conjuntamente com o homónimo sadino, a Académica, a CUF e o Sporting.

Por essa razão, depois de uma sequência de três jogos sem vencer, que compreenderam o empate caseiro perante os Leões de Alvalade e fora em Matosinhos, bem como a derrota em Guimarães perante a CUF, o jogo seguinte era de importância superlativa para a obtenção de uma qualificação histórica.

Por essa razão, como escreveu o jornal Notícias de Guimarães de 04 de Abril de 1965, "Coimbra foi desde sempre um aliciante lugar de demanda. Para nós, constituiu até reconforto para uma saudade eterna. Daí não nos admirar as três dezenas de camionetas e outros tantos automóveis ou mais que, no domingo passado, fizeram a rota para a Lusa-Atenas, a pretexto de acompanharem o Vitória na sua deslocação para defrontar a Académica..."

Assim, "a malta anónima dos apaniguados do Vitória (...) menos dada aos juízos de uma tecnologia de alicerces falsos, mas sinceramente apaixonada pelo clube que tantos momentos de prazer lhe tem dado, avançou em abonado número, para a Cidade dos Doutores, emoldurando o topo sul do Estádio de Coimbra de maneira que a vissem e ouvissem bem, pois fez drapejar ao vento as bandeiras alvi-negras que empunhava confiante." Na verdade, seriam mais de mil adeptos vitorianos, que numa altura em que inexistiam auto-estradas, fizeram-se ao caminho para apoiar uma equipa que, nesse dia, alinhou com: Roldão; Gualter, Daniel; Osvaldinho, Manuel Pinto, Virgílio; Paulino, Castro, Rodrigo, Peres e Mendes.

Em campo, o conjunto vitoriano soube corresponder a tanto amor. "... Compenetrado das suas responsabilidades e consciente da da sua valia. Soube retribuir àqueles confiantes apaniguados que o acompanharam, com um, triunfo aonde ficou testemunhada a sua capacidade de equipa válida e consciente." Assim, nos primeiros dez minutos, haveria de apontar dois golos por intermédio de Rodrigo e de Mendes, conseguindo suster a reacção academista, que só haveria de reduzir perto do final da partida. Os Conquistadores saíam de Coimbra com o terceiro posto nos olhos, concluindo a publicação que era necessário ajudar e apoiar a equipa, ao invés de a crucificar com houvera sucedido na jornada anterior aquando da derrota com a CUF. Na verdade, era necessário "apoio incondicional, pleno de fé e afeição, que lhe deram aqueles numerosos apaniguados que se deslocaram a Coimbra e aí ergueram bandeiras e entoaram um incitamento que ajudou um desejado triunfo. Se, em Guimarães, sobretudo, nas horas menos afortunadas, tais actos de confiança se repetissem sempre da parte daqueles que, agora, demonstraram intencionalidade proveitosa, fechando ouvidos a carpideiras maldosas, talvez o Vitória estivesse em pouso mais engrinaldado ainda da tabela classificativa do Nacional decorrente..."

O pior, contudo, viria depois... Assim, as derrotas caseiras no derby eterno, frente ao SC Braga e perante o Benfica, bem como o empate a dois no Restelo frente ao Belenenses, atirariam a equipa para o sétimo posto da tabela. Da excelência à desilusão, como tantas vezes tem acontecido na história vitoriana, foi um passo demasiado curto.. mas, aquela manifestação de amor e de apoio a 200 quilómetros de casa, há 60 anos, e depois de uma dolorosa derrota em casa, perante a CUF, entrou na história!

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