Como já fomos escrevendo, o Vitória da temporada de 1985/86 era uma máquina ofensiva, que procurava, apenas, jogar, tendo em vista a baliza contrária.
Falamos de uma máquina ofensiva, que, graças, não só aos inúmeros golos de Paulinho Cascavel, mas também devido ao modo como toda a equipa encarava o jogo, durante algum tempo foi apodado pela imprensa de "líder do Norte", atento ao facto de encontrar-se no terceiro posto atrás, apenas, de Benfica e de Sporting.
Porém, o sonho de ir mais além terá começado a morrer no famigerado jogo perante o Benfica no estádio da Luz, no início de 1986, quando o juiz José Guedes impediu o conjunto vitoriano de triunfar no reduto das águias e dar um passo decisivo rumo ao título.
Porém, como tantas vezes tem sucedido quando tem como interveniente uma das equipas mais tituladas, os factos que permitiram aos encarnados dar a volta ao resultado, já que o Vitória ao intervalo vencia por uma bolas a zero, não terão sido escalpelizados com a devida atenção pela imprensa.
Tal facto causou uma profunda indignação numa parte dos adeptos vitorianos, que resolveram manifestar esse desagrado na partida seguinte; um jogo que, supostamente, era para não ter história, atento a diferença de valores entre os contendores, entre o Vitória e o Amarante a contar para a Taça de Portugal. Destaque para esta partida ter-se disputado na véspera da primeira volta das eleições presidenciais de 1986, onde Freitas do Amaral quase obteve a maioria absoluta, para depois ser derrotado, na segunda fase, por Mário Soares que contou com a esquerda unida.
Como o Povo de Guimarães de 29 de Janeiro de 1986 reconheceu "a diferença esperada de categorias forneceu um encontro sem sobressaltos para os locais", sendo que, por isso, "alguns dos seus componentes (do Vitória) meteram-se em adornos, correndo com a bola sem a passarem". Assim, no final da partida, o triunfo por cinco bolas sem resposta, graças ao bis de Cascavel e os golos de Miguel, Roldão e Bobó selaram um tranquilo triunfo.
Porém, mais do que o jogo, e que motivará esta crónica, "a surpresa, por isso, apareceu de outra maneira." Com efeito, "a Comunicação Social foi, mais uma vez, agredida e insultada no Estádio Municipal de Guimarães!" A seguir vinha a explicação que se atinha na razão de "motivados pela má arbitragem do anterior jogo do Estádio da Luz, que a Imprensa, Rádio e Televisão não denunciaram de forma a agradar aos apaniguados vitorianos, um grupo destes, divulgou um comunicado que foi, sem dúvida, o rastilho de quanto ocorreu."
Do comunicado aos actos foi instantâneo, levando a que resolvem expressar tais sentimentos "no chamado local de trabalho da Comunicação Social do Municipal, não permitindo a esta efectuar transmissões e/ou apontar resenhas para os relatos."
O jornal consultado concluía que "como não observamos as ocorrências de perto, pois estávamos em lugar desviado (somente ouvimos um bru-há-há que chegou impreciso perto de nós), o nosso comentário é, por isso, abreviado. Antes deixamos que os leitores se prendam com o que a ANOP divulgou e chamou, de certeza, atenções pelo país além. Se tudo foi bom ou mau para o nosso Vitória, já será outra história..." Porém, ficava a advertência, pois "quem motivou - se tanto aconteceu - os incidentes terá, então, ocasião de ver se soube agir dentro das melhores conveniências do clube e da própria terra..." Os conflitos com a imprensa já vêm de longe!