Já aqui, por alguma vezes, fomos escrevendo acerca do histórico título distrital de 1934 conquistado pelo Vitória. Tratou-se, na verdade, da primeira vez que a equipa Conquistadora foi capaz de levar de vencido o seu rival, SC Braga, numa afirmação clara de força e de crescimento.
Porém, o início dessa epopeia teve lugar noutra prova que apurou o conjunto vitoriano para a máxima. competição a que poderia aspirar. Falamos do campeonato concelhio, que a equipa orientada pelo obscuro Istvan Puskas teve de vencer. Não se pense, contudo, que tal prova revestiu-se de um número enorme de jogos. Simplesmente, tratou-se de uma eliminatória a duas mãos frente ao Clube Caçadores das Taipas que fora fundado um ano após o Vitória.
Assim, o jornal Notícias de Guimarães de 19 de Novembro de 1933, noticiava que "o Vitória fez deslocar às Taipas uma formação que acusou a falta dos titulares: Paredes, Ferreira, Puskas, Secândido, Cunha e Camilo que foram substituídos por elementos reservistas."
Porém, tal não seria impeditivo de um triunfo tranquilo por três bolas sem resposta. Na verdade, ainda que "os rapazes vimaranenses, viram-se embaraçados para conseguirem tam reduzido resultado, devido à táctica empregada pelo seu adversário que quási sempre jogou na sua grande área", conseguiriam quase abrir caminho para o distrital. Porém, diga-se que "com tal aglomeração de jogadores, não era possível atinar com o caminho das redes, como seria desejo dos jogadores vimaranenses..."
Todavia, na segunda mão, disputada em Guimarães, no Benlhevai, tal não haveria de ser problema. A equipa vitoriana haveria de conseguir um dos resultados mais robustos da sua mais do que centenária história ao triunfar por treze golos sem resposta. Nesse dia, segundo o Notícias de Guimarães de 26 de Novembro desse ano, "o grupo das Taipas, ainda que reforçado com alguns elementos vimaranenses, não revelou a mais leve noção dos princípios futebolísticos, deixando-nos a impressão bem desagradável de um grupo de de analfabetos em matéria de pedibolismo."
Assim, tratou-se de um bom treino para a equipa da casa, com, inclusivamente, o guardião vitoriano, Ricoca, a ter uma oportunidade para marcar um golo, algo que desperdiçou "por consideração pelo colega."
E, assim, sob o signo de dois jogos, dezasseis golos e um título de campeão concelhio começava uma caminhada que haveria de ser histórica!