COMO NA TARDE DE GLÓRIA DE JORGE GONÇALVES, O VITÓRIA SILENCIOU AS ANTAS...

 

Aquela temporada de 1971/72 foi de reformulação.

Na verdade, depois da anterior em que a manutenção foi alcançada de modo quase miraculoso, urgia rejuvenescer um plantel demasiado envelhecido, porque ao contrário do que Jorge Vieira, na temporada anterior previra, "o bilhete de identidade teve influência."

Assim, com Mário Wilson no banco, era um novo Vitória que surgia e que, pese embora uma série de seis jogos sem triunfar entre a sexta e a décima segunda etapa do nacional maior, a equipa soube-se manter à tona atrás dos três mais titulados e dos surpreendentes Vitória FC e CUF.

Um dos momentos mais felizes dessa caminhada que abriu uma década em que o sexto posto foi quase um paradigma ocorreu a 19 de Março de 1972. A quatro pontos do quinto posto, ocupado pelo FC Porto, a equipa de Mário Wilson rumo a casa dos azuis e brancos para obter, segundo o Comércio de Guimarães de 25 de Março desse ano, "um meritório triunfo."

Na verdade, a equipa composta por Gomes; Costeado, Manuel Pinto, José Carlos, Osvaldinho; Hélder Ernesto, Custódio Pinto, Rodrigo; Cartucho, Jorge Gonçalves e Tito, conquistou dois pontos "sobre uma equipa que é sempre difícil (...) é proeza de realce."

Porém, o êxito teve travos de heroísmo, já que aos 21 minutos, a equipa vitoriana já perdia. Contudo, como referiu o citado jornal "não se perturbou com o golo do adversário e procurou discutir sem complexos nem inferioridades. Aguentou muito bem uma espécie de frenesim dos portuenses e vibrou o golpe na devida altura, empatando." Estávamos já no início da segunda parte e esse primeiro golo de Jorge Gonçalves abria todas as possibilidades na partida e que haveriam de se tornar efectivas com o bis do extraordinário avançado luso-brasileiro a sete minutos dos 90.

Com efeito, "o Vitória teve um dispositivo de defesa enérgico e firme mas nunca pôs de lado a chance no ataque, jogou para ganhar e o golo do êxito surgiu sem apelo nem agravo e premiou a equipa mais perspicaz e homogénea a neutralizar o perigo e a buscar o sucesso."

Concluía-se que houvera sido um triunfo magnífico, graças à inspirada tarde de Jorge Gonçalves, mas que não influiria na classificação final... o Vitória manter-se-ia até final na sexta posição da tabela, findando a prova a três pontos do seu oponente naquela tarde.

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