COMO JOSÉ CARLOS FREITAS, O KALICAS, TENTOU ENFRENTAR PIMENTA...

Falar de José Carlos Freitas é falar de um dos adeptos vitorianos mais conhecidos. Na verdade, o seu museu, pleno de camisolas do clube do Rei, é local de visita de inúmeros vitorianos, que até pedem para se deixar fotografar junto do seu fantástico acervo para os mais variados fins.

Porém, antes dessa faceta de coleccionador, José Carlos, na sua juventude, tentou empreender uma façanha ainda mais complicada: candidatar-se ao Vitória para bater António Pimenta Machado nas urnas.

Um acto de coragem, numa assunção de vontade, no início de 1999, que a todos deixou de boca aberta e que mereceu o rótulo que muitos levam quando tentam ir contra os poderes instituídos, provavelmente por quem lhes aponta o dedo não ter a ousadia de quem deu esse passo em frente: "não tem credibilidade alguma."

Porém, na altura, "Kalicas", como sempre foi conhecido pelos amigos, era tido como um perfeito desconhecido, com ligações, apenas, aos Piratas de Creixomil. Contudo, tinha, ligações profundas ao Vitória. Na verdade, o seu pai, José Maria, fora vice-presidente para a área financeira num dos primeiros mandatos de Pimenta Machado e o filho ansiava por cumprir o seu sonho de criança: ser presidente do Vitória, o seu clube de sempre.

Por isso, desejava dar voz ao descontentamento dos sócios, mostrando desagrado quanto ao aproveitamento das camadas jovens do clube, lançando a questão de onde estavam os campeões de iniciados e de juniores do clube e ambicionando criar uma Loja Branca.

Com este projecto, em entrevista ao jornal Sport de 18 de Janeiro de 1999, afirmava que "acho que não vou ser esmagado, mas se tiver de o ser, vai ser com muito orgulho, porque só mostra que houve alguém dentro da família vitoriana que conseguiu fazer frente aquele homem. Não temo ser esmagado, vou tentar lutar e se não houver nenhuma hecatombe não penso desistir. Vou até ao fim. Os estatutos dizem que em caso de empate eu ganho as eleições, pois tenho mais anos de associado que Pimenta Machado."

Seria com essa determinação, que num início de tarde, pelas 13h00m, numa garagem de um prédio do Guimarães Palace, que apresentaria formalmente a sua candidatura. Centraria a sua intervenção em questões sobre o despedimento de Jaime Pacheco, bem como a criticar o falhanço na contratação de Filipovic por Pimenta Machado. Adiantaria, por fim, já ter recebido telefonemas "com ameaças que me vai acontecer alguma coisa."

Porém, jamais chegaria às urnas. No calor da pré-campanha, haveria de dizer que "Pimenta "metia dinheiro ao bolso", sem apresentar provas disso. Seria suspenso por seis meses de associado, impedindo-o de ir mais além.

O amor ao Vitória, esse, até hoje, será inatacável...

Postagem Anterior Próxima Postagem