COMO FRANKLIM, POR UM EMPREGO, ABANDONOU O BELENENSES, PARA SER UM DOS MAIORES SÍMBOLOS VITORIANOS DAS DÉCADA DE 40 E 50

Franklim Barbosa Oliveira foi um nome incontornável do Vitória SC no seu primeiro período de afirmação na Primeira Divisão entre 1945 e 1954.

Na verdade, tratava-se de um avançado que, apesar de natural da minhota Vila Praia de Âncora, afirmou-se no Belenenses, pelo facto do pai que era sargento do Mar e Guerra da Marinha Portuguesa tê-lo colocado a estudar nos Pupilos do Exército. Por isso, a paixão pelo futebol manifestou-se em Lisboa, fazendo com que se afirmasse no Belenenses, demonstrando ser um goleador de bons recursos, ainda que partisse, principalmente das alas.

Porém, seria no Vitória que atingiria o seu apogeu a partir da temporada de 1945/46...e por causa de um emprego. Como o próprio confessou a Henrique Parreirão no jornal Record na rubrica "O Que É Feito De Si", "naquele tempo ninguém podia viver só do futebol, tinha de arranjar um emprego e foi por causa disso que saí do Belenenses."

Uma saída com um travo de desilusão, pois "como altos dirigentes e figuras do clube - o Eng. Reis Gonçalves e o comandante Américo Tomás - tinham uma grande influência na Companhia Nacional de Navegação manifestei o meu interesse em trabalhar naquela empresa."

Porém, não haveriam de lhe arranjar emprego, pelo que "deixei o Belenenses e acertei as coisas para ingressar no Vitória de Guimarães", vivendo na cidade até ao fim dos seus dias.

Para escolher o clube, o apego da terra. "Nasceu em Vila Praia de Âncora e, ali, costumava passar as férias. Tantas vezes a cantarinha vai à fonte que..." Mas, não sem antes ser seduzido pelo canto da sereia do Celta de Vigo.

Apesar de mais perto, o presidente vitoriano "acabou por levar a melhor ao tomar conhecimento da decisão do jogador mudar de ares..." conquistando-o de modo definitivo, também com o trabalho que lhe arranjou. "Estive primeiro na Intendência Geral dos Abastecimentos, depois nas firmas Abel Machado Faria Lda., Sousa Lopes e, por último, na Salvador Caetano até Março de 1987, onde atingi a idade da reforma."

Seria em Guimarães que viveria até ao final dos seus dias, com um vínculo indissociável ao clube que lhe arranjou emprego e permitiu continuar a jogar futebol.

A título pessoal, ainda hoje recordo, nos meus tempos de menino, aquele senhor alto que, vindo do centro da cidade, passava a minha casa ao lado da mulher, para, posteriormente, o meu pai contar-me que tratava-se de uma das primeiras estrelas do Vitória, segundo o meu avô, que o tinha visto jogar, lhe contara...

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