COMO ERNESTO ESTREOU-SE EM GRANDE PELO VITÓRIA, CUMPRINDO A FUNÇÃO PARA A QUAL FORA CONTRATADO...

" - Cheguei em Agosto de 1955. Eu era o primeiro brasileiro que o Vitória de Guimarães contratava. Tinha vinte e um ano, muita saúde e uma vontade de vencer enorme. Queria ser alguém. O Vitória estava na II Divisão e fazia o seu investimento para subir de divisão. Tive uma estreia feliz contra o Leixões. Ganhamos por 5 a 2 e marquei três golos. Não podia ser melhor."

No início da década de 90, nas páginas do jornal A Bola, Ernesto Paraíso contava os pormenores da sua estreia com a camisola que leva o Primeiro Rei bordado no peito.

Uma estreia em que o primeiro brasileiro a militar no Vitória foi simplesmente extraordinário!

Estávamos na quinta jornada do campeonato da Segunda Divisão, onde o Vitória houvera caído na época anterior. A 02 de Outubro de 1955, na Amorosa, os Conquistadores encontravam o Leixões, uma partida sempre de acesos ânimos e intensas paixões. Mas, acima de tudo, uma partida determinante para a equipa orientada por Fernando Vaz que (pasme-se!) nas quatro primeiras jornadas, apenas, houvera, conseguido empatar em casa com o Peniche, perdendo as remanescentes três partidas.

Porém, nesse dia a alinhar com Silva; Virgílio, Costa; Cesário, Silveira, Bibelino; Rola, Rinaldi, Ernesto, Rosato e Daniel, a equipa daria um verdadeiro safanão na crise de resultados. Como escreveu o Notícias de Guimarães de 09 de Outubro desse ano, “nos parece de acentuar que a exibição dos vimaranenses perante o Leixões é produto do trabalho proficiente e cuidado que Fernando Vaz tem vindo a desenvolver em Guimarães. O transporte de jogo entre a defesa e o ataque, o sentido de entreajuda, a criação de zonas livres apareceram no último Domingo, mais em evidência que nos jogos anteriores." Assim, o primeiro triunfo desse ano surgira com naturalidade, por números esclarecedores de cinco bolas a duas.

Porém, a contribuir para esse fartote de golos, muito contribuiu a estreia do primeiro brasileiro que alguma vez actuou pelo Vitória. Ernesto Paraíso, indicado pelo "Pimenta do Brasil", um dos maiores olheiros da história do clube, e que na estreia apresentou logo o seu cartão de visitas, ao apontar três golos, numa estreia só comparável a que outro seu compatriota teve com a camisola dos Conquistadores. Falamos de Marcelo Toscano que, também, se estreou com um hat-trick, naquela tarde de 2010, em casa do Nacional da Madeira, cinquenta e cinco anos depois do feito de Ernesto.

Valerá a pena transcrever as palavras do Notícias de Guimarães sobre a exibição do jogador que haveria de radicar-se até ao fim da vida em Guimarães: "Deixemos para o fim a nossa referência a Ernesto, o desejado brasileiro que a família Pimenta Machado recrutou para o Vitória. Quase que não tínhamos assistido aos seus treinos e, portanto, só conhecíamos vagas opiniões . Pelo jogo que fez no último Domingo, parece-nos que pode muito bem preencher a vaga que Teixeira deixou no Vitória, quando foi negociado para o F.C. do Porto. (...) Em Ernesto, para além do marcador que mostrou ser com o alcance dos três tentos, sobressaiu, para nós, a sua noção de futebol de conjunto, sem egoísmo, de verdadeiro jogador de equipa."

E, assim, nascia uma história de amor com o Vitória e os vitorianos...

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