Estávamos na temporada de 1979/80...
O Vitória vivia os últimos dias da presidência de Gil Mesquita, estando Pimenta Machado na antecâmara de se tornar presidente do Vitória, num período que haveria de durar por 24 anos.
Entretanto, no jogo jogado, os comandados de Imbelloni olhavam com desejo para o apuramento para as competições europeias, chegando aquela décima nona jornada no sexto posto, a três pontos do quinto posicionado, Boavista, e a cinco do quarto posicionado Belenenses...o que obrigava a que a equipa não cedesse mais pontos nessa corrida.
Jornada essa que decorreu a 24 de Fevereiro de 1980, há quase 44 anos certos, portanto, e em que aquele desafio em Portimão tornou-se numa das partidas mais extraordinárias da história do futebol português.
Na verdade, falamos de um jogo que contou com nove golos... um festim absoluto, que se tornou numa ode ao futebol, num momento declaradamente impróprio para cardíacos e onde um avançado brasileiro viveu uma das suas maiores tardes de glórias de Rei aconchegado no peito. Nessa tarde, Mundinho foi arrebatador, mortífero, marcando com letras de ouro a sua mais prolífica temporada como jogador vitoriano.
Assim, nessa tarde, os Conquistadores entraram com Sylvio; Ramalho, Manaca, Tozé, Gregório Freixo; Abreu, Almiro, Ferreira da Costa; Mundinho, Dinho e Vítor Manuel, para um dos seus desafios mais apaixonantes de uma história feita de glórias e de desilusões, de êxitos, mas também, de desilusões.
Em vez de nos atermos em pormenores do jogo, bastará deixarmos a louca, insana e absolutamente emocionante marcha do marcador, com a certeza, porém, da força mental da equipa capaz de recuperar de uma desvantagem de dois golos e, posteriormente, dar a volta a outro resultado desfavorável.
Absolutamente inesquecível!
0 -1 Mundinho (Vitória) - 3 minutos;
1 -1 Portimonense - 6 minutos;
2 -1 Portimonense - 10 minutos;
3 -1 Portimonense - 26 minutos;
3 -2 Abreu (Vitória) - 38 minutos;
3 -3 Mundinho (Vitória) - 45 minutos;
4-3 Portimonense - 56 minutos;
4 -4 Mundinho (Vitória) - 75 minutos;
4 -5 Dinho (Vitória) - 86 minutos.
Um soneto à felicidade sobre a forma de jogo de futebol e na apologia ao golo, à força dos sentidos, à ilusão tornada realidade.
A certeza que até ao derradeiro minuto tudo terá estado em suspenso entre um hipotético empate a cinco ou um resultado tenístico de seis bolas a quatro...
Provavelmente, um dos momentos mais extraordinários da história...