COMO DO ÊXITO SE FOI À DEPRESSÃO POR MUITA ILUSÃO...

A primeira vez que o Vitória calcou a relva do Jamor para disputar a final da Taça de Portugal ocorreu em 1962/63. Aludimos a um percurso épico que teve o seu apogeu no jogo de desempate da meia final, frente ao Belenenses, disputado no campo neutro de Coimbra, e onde a actuar com dez unidades, fruto da lesão de Silveira, o Vitória marcou três golos nos últimos cinco minutos, por Peres, Mendes e Lua. Por isso, assegurou o apuramento para o Jamor onde deveria discutir o troféu como Sporting.

Porém, esse êxito seria, por estranho que pareça, conducente à derrota que haveria de ocorrer na partida decisiva, que se disputou, apenas, cinco dias depois.

Na verdade, como o guarda-redes Mário Roldão contou em 2000 no jornal do clube, "as pessoas de Guimarães encheram totalmente o Estádio e aqui fomos recebidos com tanta gente que nunca mais me esqueço."

Contudo, tal seria a razão para se perder a final, onde os Conquistadores seriam desfeiteados por quatro bolas sem resposta. Na verdade, "o José Vale (treinador da altura) não queria que viéssemos para Guimarães no final do jogo, mas a direcção do Vitória não acatou essa opinião." Aliás, segundo o guardião falecido em 2021, "se a opinião do técnico, que era ir directos para Lisboa, fosse respeitada, o Vitória não perdia a Taça de Portugal."

Além disso, existiam outros problemas. " O Vitória nessa semana vendeu o Lua e o mesmo chegou à final e nem sequer tocou na bola, porque estava com medo de se aleijar..." A acrescer, o problema da vinda a Guimarães para quase de seguida rumar a Lisboa para disputar o grande jogo: "... houve jogadores que, em Guimarães, se perderam, embriagados, ao lado da massa associativa, mesmo um dia antes do jogo, mas a loucura era tanta que na própria cidade era um pouco difícil evitar isso."

Sendo isso que o treinador temia e que por isso tentou colocar a equipa logo em Lisboa, a equipa entraria em campo deslumbrada. Acresce ainda que "...também tivemos azar porque o Mendes falhou dois golos inacreditáveis, o Armando também, sem falar do Castro, e na primeira parte quando podíamos estar a ganhar por 4-1, estávamos a perder por 1-0." Na segunda parte, a expulsão de Peres precipitaria uma derrocada que não se desejava, sendo que "o roubo foi tão grande por parte dos árbitros." No final, ficava a certeza que teria sido possível fazer muito mais, mas, salvo 2013, a história vitoriana na Taça de Portugal será sempre escrita com erros que não deveriam ser cometidos.

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