Absolutamente histórico!
A equipa de juniores feminina do Vitória, naquele Junho de 1982, entrava de modo absolutamente inelutável na eternidade ao tornar-se na primeira equipa de um desporto colectivo a sagrar-se campeã nacional.
Orientadas pelo professor Luís Lucas, a jovem equipa Conquistadora, depois de ter garantido a invencibilidade na fase de apuramento da zona Norte para a fase final, cabia-lhe enfrentar o Liceu Carolina Michaelis e as equipas do Sul, S.João Brito e o Sporting. Seriam todos batidos em Guimarães, bem como no Porto o Liceu, num emocionante prélio decidido no parcial decisivo, para deixar o título em aberto para as jornadas finais.
Assim, depois de ter vencido tranquilamente o S.João de Brito, como escreveu o Povo de Guimarães de 16 de Junho de 1982, "o jogo Sporting-Vitória era decisivo, uma final, para apurar o campeão nacional." Com a equipa leonina com cinco internacionais nas suas fileiras e, por isso, tida como a grande favorita, era necessário que as jovens Conquistadores dessem o melhor de si.
Foi o que sucedeu num "jogo grande. A turma vitoriana venceu o primeiro e segundo sets, respectivamente, por 15-6 e 15-11. Dois a zero era uma vantagem considerável." O Sporting haveria de reduzir, conquistando um parcial, mas "a seguir, a turma vitoriana ganhou por 18-16, o seu terceiro set, o jogo e o título de campeão nacional de juniores... verdadeiramente espectacular!" Um título que, diga-se, já tinha ficado à vista nas duas temporadas anteriores em que as valorosas jovens de Luís Lucas, que tinham começado do zero, tinham alcançado dois vice-campeonatos nacionais.
Como concluía Francisco Magalhães no jornal citado da semana seguinte, "de facto, ser campeão nacional é uma coisa que assume importância extrema. Digamos que qualquer atleta que pratica desporto tem como ambição ser campeão nacional. É uma questão de satisfação, realização pessoal, enfim, o prémio do que se gasta com o desporto, naturalmente como maior prazer. (...) Realmente o conjunto de atletas que formam a turma do Vitória tiveram sempre o espírito de trabalho de que necessita um campeão. E foi com esse espírito de trabalho, que Lucas soube impor, soube motivar, que hoje o Vitória pode-se orgulhar de ter conquistado meritoriamente um campeonato."
Nomes como Laura, Berta, Guilhermina, Rosa Branca, Isabel, Mané, Cristina, Fatinha ou Elvira entravam para sempre na história do clube, orientadas por um homem que, ao lado de João Paredes, lançaram as bases de uma modalidade que, ainda, hoje é seguida apaixonadamente em Guimarães.