COMO BOMBA SE TORNOU NUM MITO VITORIANO, CUJO BRAÇO DE FERRO FOI VENCIDO PELA GUERRA...

Terá sido das maiores esperanças da formação vitoriana na década de 60 do século passado.

Um avançado vimaranense, formado nas escolas do clube e que fora registado como Joaquim Ribeiro Ferreira, um nome pouco melodioso para se tornar jogador de futebol. Assim, tornar-se-ia em Bomba, atento o seu irmão Domingos ter chegado a Comandante dos Bombeiros Voluntários de Guimarães.

Nas camadas jovens, diz quem o viu jogar, era mesmo uma verdadeira "bomba". A ponto de muitos considerarem-no melhor do que Pedras que, anos antes, houvera saído do Vitória rumo ao Benfica, após ter sido chamado de "Eusébio Branco" e ter-se tornado no primeiro internacional júnior vitoriano.

Assim, o jovem Bomba, depois de um fulgurante percurso na cantera, seria chamado pelo francês Jean Luciano para a equipa principal. Num conjunto, órfão da grande estrela da temporada anterior, Djalma, vendida ao FC Porto e com o seu teórico substituto, Campinense, incapaz de se afirmar, o jovem vimaranense haveria de ser merecedor de uma oportunidade na equipa titular, cumprindo o seu sonho de menino...ser titular na equipa do seu coração!

E... agarrou a chance com unhas e dentes! Assim, na sua estreia, marcaria o derradeiro golo no triunfo sobre o Beira-Mar, em Aveiro, por três bolas a uma. Depois de um jogo de jejum, haveria de voltar aos golos no triunfo por duas bolas a zero sobre o Leixões, para voltar a facturar na primeira mão dos 32 avos de Taça de Portugal, em Portimão. Seria o derradeiro dos seus golos de Rei ao peito, pois nessa temporada, apenas, actuaria por mais seis vezes, sem voltar a fazer balançar as redes contrárias, ainda que todos continuassem a augurar-lhe um extraordinário futuro.

No final da temporada acontecer-lhe-ia o que era mais temido pelos jovens daquela geração. Seria mobilizado para a guerra ultramarina para um dos cenários de maior perigo e onde o conflito era vivido de modo mais acirrado: a Guiné. Aí, morreriam todos os sonhos de vir a ter uma carreira no futebol. Ao acertar em cheio com a cabeça numa árvore, quando ia de pé na traseira de um camião, viu ser-lhe arruinada a  carreira, ainda que poupando-lhe a vida. Regressado a casa, jamais voltaria a vestir a camisola vitoriana, mas mantendo-se sempre atento à actualidade vitoriana e amando o clube... no fundo, poderia ter sido um dos maiores da sua história!

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