COMO A ASSOCIAÇÃO DE FUTEBOL DO PORTO TRAIU O DESEJO VITORIANO DE REGRESSAR MAIS DEPRESSA À PRIMEIRA DIVISÃO POR ALARGAMENTO...

Estávamos no início da temporada de 1956/57.

Depois do conjunto vitoriano ter sido despromovido na temporada de 1954/55, no exercício subsequente os Conquistadores haveriam de morrer na praia, nas partidas de play-off da subida perante a Académica de Coimbra.

Porém, uma esperança povoou o espírito dos Conquistadores: a que o campeonato fosse alvo de um alargamento, o que, para além de beneficiar o conjunto vitoriano, também faria o vizinho e eterno rival, SC Braga, por essa altura, também, na Segunda Divisão ser promovido.

A sustentar tal pretensão que a Associação de Futebol de Braga apresentou no Congresso da Federação Portuguesa de futebol estava o já aqui referido cambalacho entre Boavista e FC Porto, que em conluio, nas derradeiras jornadas da temporada 54/55, combinaram o triunfo dos axadrezados na partida disputada entre si, para despromovorem os vitorianos.

Para a história, importará relembrar como foi decidido o caso. Assim, despacho ministerial da altura considerou que "concordo com as conclusões da Polícia Judiciária. Aplico ao capitão-geral do Boavista, António Manuel Rodrigues da Costa, a pena de irradiação (...) com o pagamento das custas do processo. Considero o Boavista responsável solidariamente pelo pagamento destas custas."

Assim, ficava comprovado o "arranjinho" e confirmado pelo facto do FC Porto, por terem participado na farsa, ter dispensado o histórico guardião internacional português, Barrigana e os jogadores Carvalho e Porcel, num folhetim que foi investigado pela Polícia Judiciária.

Baseado nestas premissas, a Associação bracarense propôs o alargamento que haveria de beneficiar as suas duas equipas, negociando, para que tal objectivo tivesse êxito, a obtenção de votos. Assim, apesar da oposição desde o primeiro minuto da Associação de Futebol de Lisboa, o sonho vitoriano de um alargamento morreu por uma série de estanhos factores.

Desde logo, pelo facto da AF Porto e da AF Santarém terem roído a corda, pois, inicialmente, haviam prometido o apoio à causa minhota, para acabarem por votar contra. Também, a AF Coimbra, segundo o Notícias de Guimarães de 26 de Agosto de 1956, "depois de ter afirmado dar o seu apoio à pretensão de Braga, deixou-se ficar neutra a um simples cochicho de ouvido, emitido no momento da votação. Foi uma autêntitca atitude de futrica da parte do seu delegado, o que não é de estranhar, dado que o sector académico de Coimbra perdeu, recentemente, as suas eleições associativas, num voto de desempate do próprio presidente da Assembleia Geral. O primeiro acto público da nova Direcção da Associação de Coimbra foi uma nega total ao que é tradicional nesta Associação, quanto a análise dos problemas do futebol nacional."

Porém, mais do que estas, merecia repulsa a atitude da AF Porto, que "mais que tudo confrange a mudança de opinião tida pelos responsáveis do futebol do Porto. Depois de terem dado o seu apoio ao alargamento em ofício cheio de afirmações laudatórias sobre os interesses do Norte, mudaram de opinião com a visita que lhes foi feita, em circunstância oportuna, pelo Presidente do Congresso e pelo Vice-Presidente da Associação de Lisboa, em exercício."

Uma traição que levava a que "não é a Associação de Braga que se entristece com a atitude assumida pelos dirigentes do Porto! É toda a região nortenha! (...) O Porto, a região do Porto, onde, desportivamente, se têm dado, nos últimso tempos, os casos mais mirabolantes, juntou mais este ao seu palmarés."

Uma traição que fez com que dos 87 votos expressos, 53 fossem contra o alargamento, 26 a favor, existindo 8 abstenções. E o Vitória teria de continuar na Segunda Divisão por mais duas temporadas...

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