COMO AQUELE DIA DE FESTA EM GUIMARÃES, COM A INAUGURAÇÃO DA NOVA CASA, AINDA FOI MAIS FELIZ COM A VITÓRIA SOBRE UM GRANDE RIVAL...

Estávamos na temporada de 1945/46.

Fruto de emanações da Direcção Geral do Desporto, o Vitória tivera de abandonar à pressa o Benlhevai, pelo facto de ser considerado que o desenvolvimento do futebol português estagnara pelas reduzidas dimensões dos terrenos onde ele se praticava, jogando em casas emprestadas até a sua nova casa estar concluída.

Tal seria possível em tempo quase record graças ao labor incansável de Antero Henriques da Silva, que seria o maior obreiro para a Amorosa ver a luz do dia para ser inaugurada a 13 de Janeiro de 1946, num desafio perante o Boavista.

Na verdade, como escreve o Notícias de Guimarães de 20 de Janeiro de 1946, tratou- se de um "dia grande o do passado Domingo em Guimarães. Dia de festa, diremos mesmo. Não houve, é certo, luminárias nem bandeirolas, mas houve alegria franca no coração dos vimaranenses que prezam e amam a sua terra, e são todos afinal."

Com efeito, "... os vimaranenses - os que o são pelo nascimento e os que o são pelo coração - tiveram motivo grande para dar largas à sua satisfação, porque o que se fez no tempo que se fez, só podia ser obra de um povo forte no querer, ousado na acção, indiferente no sacrifício."

Quanto ao campo em si, dizia-se que era "um belo e magnífico recinto e ficará, quando definitivamente concluído, a rivalizar com os melhores do país. A sua localização é esplêndida, disfrutando-se dali panorama sugestivo. Ao entrar-se nele recebe-se impressão agradável de desafogo e conforto, bem diferente daquela que se notava no velho e acanhado Benlhevai.... Guimarães é assim: custa-lhe a decidir-se, mas, quando o faz, ninguém a supera. Veste do bom e do melhor."

A animar o momento, a partida frente ao Boavista a contar para a sexta jornada do Campeonato Nacional de 1945/46 em que o Vitória alinhou com Machado; Garcia, João; Luciano, Curado, José Maria; Franklim, Alexandre, Miguel, Brioso e Arlindo, numa equipa que entrou para a história Conquistadora. No jogo, "O Vitória em casa pareceu-nos outro. Mais decisão, melhor sentido técnico, mais alegria e mais vontade. Os vários sectores entenderam-se melhor e não houve esmorecimentos."

Com esta atitude, o primeiro golo haveria de surgir por Alexandre. num dia em que "o factor sorte, num requinte de gentileza, não quis nesse dia fazer negaça aos vimaranenses, pois foi a um filho desta terra que coube a honra de marcar o primeiro goal da Amorosa. Alexandre -esse pequeno grande jogador-, que tem o condão da agilidade e da subtileza - foi o feliz autor do tento que fez delirar, numa ovação apoteótica e clamorosa, a multidão que guarnecia o rectângulo. Em verdade, a ele ou a Miguel -os dois vimaranenses natos do ataque vitoriano - devia caber tal honra. Coube a mesma a Alexandre." Os outros tentos Conquistadores caberiam a Arlindo e a Miguel, numa tarde feliz em todos os prismas e onde se começou a projectar a merecida homenagem a Antero Henriques da Silva... sem ele, teria sido tudo muito mais difícil!

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