Vítor Paneira fizera uma temporada de 1995/96 digna dos seus melhores tempos.
Com efeito, o talentoso médio que saíra no início dessa temporada do Benfica, em litígio com Artur Jorge, encontrara no Vitória o refúgio ideal para conseguir voltar a explanar o seu futebol e a ser feliz. Verdade seja dita, que só o conseguiria na segunda metade da temporada, quando o treinador Vítor Oliveira já deixara o comando técnico da equipa, dando lugar a Jaime Pacheco, que segundo o próprio, houvera formado a melhor ala direita da Europa, composta pelo lateral José Carlos, pelo extremo Capucho e pelo interior direito do meio campo: Vítor Paneira.
Assim sendo, e atendendo à extraordinária segunda volta realizada pelos Conquistadores, que foram o conjunto que nessa fase do campeonato mais pontos somou, aguardava-se com curiosidade a convocatória do seleccionador António Oliveira para o Campeonato Europeu de 1996 a disputar em Inglaterra e que significava o regresso da equipa das Quinas às grandes competições, dez anos depois do famigerado mundial mexicano e da novela que foi Saltillo.
Assim, se Neno deveria perder o lugar que fora seu durante toda a fase de apuramento, em virtude de Nuno ter-lhe roubado o lugar na equipa do Rei, esperava-se que alguns dos nomes citados pudesse passar o Verão em Inglaterra, ajudando jovens como Figo, Rui Costa, Paulo Sousa, entre outros, a atingirem o topo do futebol europeu. Porém, a convocatória seria, desde logo, uma desilusão. Dos jogadores vitorianos, apenas, Vítor Paneira seria merecedor de viajar até à pátria do futebol.
Aí chegado, seria um dos quatro atletas que jamais entraria em campo. Como ele, só os guarda-redes suplentes Rui Correia e Alfredo, bem como o central Paulo Madeira não seriam chamados a sentir o odor da relva na máxima competição do Velho Continente por selecções. Mesmo, no último de jogo da fase de grupos frente à Croácia, com Portugal praticamente apurado para a fase eliminar e com Oliveira a proceder a uma verdadeira revolução na equipa, o vitoriano foi olvidado pelo seleccionador. Ou, então, na partida dos quartos de final em que Portugal seria eliminado pela República Checa graças ao chapéu de Poborsky, em que a visão de jogo e qualidade de passe do jogador poderiam ser úteis, não foi olhado pelo treinador... no fundo, mais um carimbo na teimosia de António Oliveira, que se viria a comprovar seis anos depois no Mundial da Coreia e do Japão.